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Por que cantamos Shanti, Shanti, Shanti Hari Om no Yoga?

Shanti quer dizer “paz”, mas também tem um grande leque de conotações incluindo harmonia, silêncio, perdão, proteção, conforto e até abundância. Cantamos Shanti três vezes no início e fim de qualquer prática de Yoga e cada um desses três Shantis tem um sentido especial.

– O primeiro Shanti se chama adhi daivika, e refere-se ao Shanti no nível espiritual. Este primeiro Shanti é um desejo para a paz em nosso relacionamento com o universo. Com Shanti neste nível, nossas estrelas estarão alinhadas e ficaremos protegidos das forças da natureza.

– O segundo Shanti se chama adhi bhautika, e refere-se à intenção de ter Shanti com todos os outros seres encarnados ou desencarnados. Através deste segundo Shanti, reconhecemos que todos os seres querem experimentar a felicidade e evitar o sofrimento no nível do seu conhecimento. Quando encontramos pessoas de pouco conhecimento, temos que reconhecer que nada é feito contra nós pessoalmente. Assim, podemos manter-nos em Shanti sem julgar ou criticar.

– O terceiro Shanti se chama ādhy ātmika, e refere-se à experiência de cultivar Shanti dentro de nós mesmos através das práticas de Yoga e meditação. Para ter Shanti dentro de nós, precisamos estar conscientes de nossos próprios padrões de negatividade, para gradativamente reduzi-los através da prática de Yoga. Entre os três Shantis, este último é considerado o mais importante porque entre eles, é ele que nos dá mais possibilidade de cultivar maestria sobre nós mesmos. Quanto mais cultivamos Shanti dentro de nós mesmos, automaticamente cultivamos Shanti nos outros e no Universo.

Depois dos três Shantis, cantamos Hari Om. Hari é um dos nomes de Shiva, o patrão do Yoga que nos ajuda a encontrar Shanti em todos os níveis de nosso ser.

Experimente cantar OM Shanti, Shanti, Shanti, Hari OM três vezes para afirmar Shanti em todos os níveis do seu Ser.

Shanti no Bhagavad Gita

A prática de Shanti tem grande importância nos textos de Yoga. No Bhagavad Gita 2.66, Krishna descreve Shanti da seguinte maneira:

nāsti buddhir-ayuktasya na chāyuktasya bhāvanā
na chābhāvayataḥ śhāntir aśhāntasya kutaḥ sukham (
Bhagavad Gita 2.66)

“Para aquele que não está conectado com seu poder de discernimento, não há sabedoria;
Sem sabedoria, não há como meditar;
Sem meditação, não há Shanti;
Sem Shanti, como pode-se ter felicidade?”

Shanti no Mahabarata

O maior texto sobre Shanti é Mahabarata, que tem um capítulo inteiro de 14 mil versos sobre Shanti. Este texto ensina todas as maneiras de alcançarmos Shanti nesta vida e é dividido em três tópicos principais:

Shanti em Relação aos Deveres

– O primeiro tópico apresenta Shanti que vem de fazer nosso dharma da forma correta. Dharma engloba nosso propósito da vida, incluindo profissão e todos os relacionamentos com familiares, amigos, etc. Todos estes relacionamentos deveriam respeitar nosso papel e responsabilidade e, ao mesmo tempo, ser fiéis ao nosso próprio Ser. Por ser um trabalho desafiador, agora entendemos por que são 14 mil versos!

Shanti em Relação aos Desafios e Adversidades

– O segundo capítulo apresenta como manter Shanti quando se enfrenta adversidades. Este capítulo destaca que não podemos ficar com Shanti somente quando as coisas estão andando bem. Isto porque o Universo está sobre a influência dos gunas, que são energias em oposição e assim, sempre irão produzir altos e baixos.

Precisamos utilizar todas as experiências tanto positivas quanto negativas para cultivar sabedoria e assim viver sempre com mais Shanti. Este trecho também destaca que afastar-nos do mundo não oferece a possibilidade de Shanti porque não oferece as lições que precisamos para nos transformarmos desafios em oportunidades de Shanti.

Shanti em Relação a nossa Própria Alma

– O terceiro tópico apresenta Shanti que vem das práticas de Yoga, incluindo meditação, que leva ao reconhecimento de nosso próprio Ser Real, de nossa própria alma. É somente através do encontro de nossa própria essência, cuja natureza é paz, que nós podemos encontrar Shanti da forma mais completa. Este desabrochar de nosso Ser interior representa simultaneamente a união com o Divino, a inteligência e energia no coração da criação.

Através de cultivar Shanti em todos os níveis de nosso ser, experimentamos gradativamente que nossa própria essência é Shanti, Shanti, Shanti, Hari OM.

Experimente:

 

Por Joseph Le Page

Joseph Le Page fundou o Integrative Yoga e a Integrative Yoga Therapy em 1993 e é pioneiro na área de programas de treinamento em Yogaterapia. Ele começou a ensinar Yoga Terapia em ambientes hospitalares em 1995 e continua até o presente como Diretor do Programa Coração Saudável, que conduz programas de grupo de Yogaterapia em ambientes de saúde pública no Brasil.

Joseph foi palestrante em grandes conferências, incluindo o Yoga Journal, a Associação Internacional de Terapeutas de Yoga, a Associação de Professores de Yoga Kripalu, a Associação Internacional de Yoga e Ayurveda e outras. É cofundador e diretor do Centro de Yoga Montanha Encantada em Garopaba, Brasil, um dos maiores centros de retiros de Yoga da América do Sul.

É coautor do Guia Prático de Posturas de Yoga para Praticantes e Professores, um dos materiais mais utilizados em programas de formação de professores nos Estados Unidos e no Brasil, publicado pela Editora Yoga Integrativa. Ele também é coautor do livro Mudras para Cura e Transformação, também publicado pela Integrative Yoga.

Yoga Integrativa: Os melhores materiais para praticantes e Professores de Yoga!

 

O Futuro da Humanidade: Sobrevivência dos Mais Espirituais através da Meditação

Relato-vos os meios a serem empregados para a destruição das doenças;
Sem a prática do yoga, como o conhecimento poderia libertar o Atman?
Inversamente, como poderia a prática do yoga por si só, desprovida de conhecimento, ter sucesso na tarefa?
O buscador da Libertação deve direcionar suas energias para ambos simultaneamente.

Yogatattva Upanishad versículos 14–15

 A história evolutiva humana é caracterizada por capacidades cognitivas cada vez maiores que proporcionam uma vantagem evolutiva em termos de sobrevivência, sucesso e procriação, o que nos tornou a espécie dominante no planeta hoje. A evolução como a conhecemos sempre se concentrou na competição e no sucesso por recursos, procriação e hierarquia social. 

Do ponto de vista espiritual, a intenção última da evolução é mais do que estas três, pois se a evolução é apenas uma continuação da sobrevivência do mais apto, então o impulso para expandir, competir, conquistar e ter sucesso parece estar nos levando em direção à extinção do planeta e a raça humana como espécie.

É possível que a evolução esteja agora caminhando para uma nova fase que pode ser chamada de “Sobrevivência dos mais Espirituais”. Algumas pesquisas neurológicas apoiam isso através das mudanças observadas na estrutura cerebral dos meditadores. 

A pesquisa mostrou que cérebros das pessoas que praticam meditação perdem menos massa cinzenta no cérebro com o envelhecimento (UCLA Florian Kurth). A pesquisa também descobriu que a meditação aumenta a espessura cortical do hipocampo relacionada à regulação da emoção, enquanto diminui o volume celular na amígdala que está relacionado à resposta de luta ou fuga. No modelo tradicional de sobrevivência do mais apto, isto poderia ser uma desvantagem, mas num ambiente em que o principal assassino é o stress crônico e não o tigre dente-de-sabre, torna-se uma vantagem.

Verificou-se também que estas alterações no cérebro estão associadas à melhoria do humor e do bem-estar, o que num ambiente estressante, promove não só a saúde, mas também o sucesso em qualquer área de atividade.  

A meditação também melhora a concentração e a atenção, habilidades essenciais para o sucesso e a realização em qualquer área (Michael D. Mrazek). Além disso, um estudo descobriu que os meditadores vivem mais e têm um risco muito menor de doenças cardíacas e câncer.  Esses benefícios não se limitam à meditação, mas também valem para quem pratica qualquer tipo de espiritualidade. Um estudo da Duke University mostrou que, para aqueles que recebem qualquer forma de apoio espiritual, as taxas de doenças graves podem ser até 40% menores. (Harold G. Koenig, MD)

Estes estudos apontam para a possibilidade de que o futuro da evolução, tradicionalmente entendido como a sobrevivência dos mais aptos, possa, no contexto moderno, significar a sobrevivência dos mais saudáveis, o que pode ser traduzido como aqueles mais capazes de lidar com o stress. Como vimos, a espiritualidade é um dos melhores apoios para lidar com o estresse.

 A espiritualidade também inspira um sentimento de unidade com a criação e um sentimento de respeito e unidade com o mundo natural. Portanto, se a evolução nos leva a níveis maiores de sucesso como espécie, a espiritualidade pode agora ser a sua expressão mais verdadeira e talvez a única solução para o futuro do nosso planeta e da humanidade como espécie.

 Reflexão: Existe alguma outra alternativa para a evolução da espécie humana senão através do reconhecimento da nossa totalidade inerente na unidade com toda a criação?

Joseph Le Page
Yoga Integrativa

Saiba mais: Mudrás para Cura e Transformação

Descubra a Jornada de Cura com Ayurveda e Yoga na Montanha Encantada

Do you speak English? 

Embarque em uma semana de transformação e cura profunda no Ayurveda and Yoga Healing Retreat, programado de 2 a 9 de março de 2024. Este retiro exclusivo oferece uma experiência única, combinando tratamentos ayurvédicos, aulas de yoga focadas na cura integral, refeições vegetarianas e/ou veganas deliciosas, e caminhadas ao longo de algumas das costas mais deslumbrantes do mundo. O retiro será realizado 100% em Inglês, oportunizado a estrangeiros e a brasileiros com fluência no idioma uma experiência de integração.

Local Mágico: Centro Montanha Encantada

Situado em Garopaba (Santa Catarina), a Montanha Encantada é um dos maiores centros de Yoga da América Latina. Com acomodações confortáveis e uma piscina natural abastecida por uma nascente de água doce, o centro oferece o ambiente ideal para a sua jornada de cura. O spa ayurvédico no local proporciona uma variedade completa de massagens e tratamentos ayurvédicos para aprofundar ainda mais a sua experiência.

Garopaba, no sul do Brasil, é lar de dez das praias mais bonitas do país e montanhas cobertas por florestas tropicais. Na Montanha Encantada, 20 hectares de floresta tropical, lar de mais de duzentas variedades de aves, incluindo tucanos e o surucuá colorido.

Guia para a Jornada de Cura: Joseph Le Page e Maria Mendola Shamas

Os anfitriões para o retiro de cura são Joseph Le Page e Maria Mendola Shamas. Joseph é o fundador da Integrative Yoga Therapy, um dos pioneiros no campo Yogaterapia. Maria é uma terapeuta de yoga com 30 anos de experiência, fundadora da Functional Yoga Therapy™ (FYT).

Joseph, Maria e a equipe de Enchanted Mountain falam inglês e conduzirão diariamente aulas de yoga curativas, pranayama, meditação, Yoga nidra e yoga restaurativa.

Experiências Diárias de Cura:

Cada dia oferecerá experiências de cura para uma faceta específica do seu ser, abrangendo desde a cura do corpo físico, dos chakras e da mente/emocional até a conexão mais profunda com o seu ser espiritual. Os tratamentos ayurvédicos estão incluídos no seu retiro – um tratamento Shirodhara e duas massagens ayurvédicas. Tratamentos adicionais podem ser agendados para o seu tempo livre.

Descubra as Maravilhas Naturais:

Além das práticas de cura, você participará de três passeios a pé ao longo de algumas das praias mais belas do mundo, tendo tempo para relaxar em praias paradisíacas e explorar quedas d’água isoladas.

Saiba mais através do site iytyogatherapy.com (disponível em inglês). 

Junte-se a nós nesta jornada única de cura e rejuvenescimento!

O que é Yoga?

Yoga vem da raiz sânscrita yuj que significa unir, juntar, ligar ou conectar. Seu uso original mais comum é amarrar cavalos a uma carruagem. 

O sânscrito é uma língua indo-europeia que se originou na Turquia moderna há pelo menos 10.000 anos. Este grupo linguístico espalhou-se para oeste na Europa e no Leste para a Índia. 

Derivações da palavra Yoga estão presentes em todos os idiomas deste grupo com no inglês yoke e no português “conjugar”. 

O uso da palavra Yoga evolui ao longo da história, mantendo este tema básico de união, unidade e conexão. Isso inclui:

  • Unir a alma individual à Alma Universal
  • Integrar corpo, mente e Espírito como base para o despertar espiritual
  • Reinar nos sentidos para que a mente se focaliza num ponto único para a meditação.

Yoga no Rig Veda – 5000 anos atrás

A palavra Yoga aparece como uma disciplina psico-espiritual pela primeira vez no Riga Veda de aproximadamente 5.000 anos atrás. 

O Rig Veda é um compêndio de 100 mil hinos dedicado a divindades védicas como o fogo, Agni, o sol Surya, e o vento ou respiração, Vayu

Os sacerdotes brâmanes utilizavam estes hinos em forma de mantras para realizar rituais em honra dessas divindades. 

A raiz yuj aparece várias vezes no Rig Veda em seu significado original de amarrar cavalos a uma carruagem, mas também é usada em um sentido simbólico. 

Em Rig Veda 5.81.1, O sacerdote, bem hábil em hinos, une, yunjate, a mente, manas, pelo pensamento, dhiyo, a divindade do sol, surya. Esta habilidade de focalizar a mente para unir-se ao Divino é a base de todas as outras definições de Yoga.

Yoga nos Upanishads – 3000 anos atras

Os Upanishads representam uma continuação dos Vedas, mas o praticante alcança a união com Deus diretamente em vez de utilizar a intermediação dos sacerdotes como nos mantras do Rig Vedas. 

A realização essencial dos Upanishads é que a alma individual, atman, é uma com a Alma universal, Brahman.

 Essa união está expressa em Maha Vakyas, Os Grande Ditados como em Ayam Atma Brahma, eu sou o Atma, a alma e Brahman, o universal (Mandukya Upanishad I.2.). Todas as técnicas e processos que sustentam esta união são chamados de Yoga. 

yoga̍m sthi̱rām i̍ndriya̱-dhāraṇām – Yoga é o controle dos sentidos 

O controle constante dos sentidos, é considerado yoga; Katha Upanishad 6:10/11

Neste verso, vemos o uso da palavra Yoga diretamente relacionado ao significado original de usar as rédeas da mente para controlar os cavalos dos sentidos. Esta imagem se repete ao longo da história do Yoga.

Yoga ektatvam prāna manasor indriyānām – Yoga como integração 

A unidade da respiração, da mente e dos sentidos, e depois a entrega de todas as concepções na mente, isso se chama Yoga.” Maitri Upanishad; 6.25

O meio para cultivar maestria sobre os sentidos é a sua integração com a respiração e a mente, mostrando que, no yoga, devemos primeiro nos integrar com aquilo que desejamos controlar. 

 Yoga ārogyam – Yoga é saúde

A perfeição no yoga, dizem, é demonstrado na leveza, saúde do corpo, na ausência de desejo, na clareza e agradabilidade da voz, no odor doce e nas leves excreções. Shvetashvatara Upanishad 2.13

Mesmo nessa época de Yoga antiga, já se vê o relacionamento íntimo entre a prática de Yoga e a saúde corpo-mente.

Yoga no Bhagavad Gita – 2,500 anos atras

O Bhagavad Gita é uma continuação da filosofia dos Upanishads em que nosso propósito de vida é a união do ser individual, atma, com o Ser universal, Brahman

Os Upanishads se focalizam na necessidade de se afastar do mundo para encontrar essa união. O Bhagavad Gita focaliza em agir e trabalhar no mundo para alcançar esta união. 

Nossa atividade no mundo para alcançar a união espiritual se chama Karma Yoga, que traz à tona todos os padrões de pensamento e sentimento que criam limitação e sofrimento. 

O processo de ver e liberar esses padrões na vida diária, Karma Yoga, é refletido nas definições de Yoga no Bhagavad Gita.

Yogaḥ karmasu kauśalam – Yoga é ação consciente

Aquele cujo é estabelecido na sabedoria, transcende aqui neste mundo tanto os bons quanto os maus karmas, portanto, une-se ao Yoga, Yoga é ação consciente. Bhagavad Gita 2.50

Ação consciente é a capacidade de enxergar claramente quem não somos (a personalidade condicionada) e quem somos (o verdadeiro Ser ilimitado). Karma Yoga envolve ação consciente cultiva atitudes e qualidades positivas e liberar atitudes e ações que causam sofrimento. A ação consciente é cultivada na vida diária, através do testemunho consciente, observando os padrões e tendências, sem reprimir, reagir inconscientemente ou identificá-los como “eu” e “meu”. 

A ação consciente também é a aceitação de nossos próprios padrões e tendências, reconhecendo que eles estão profundamente enraizados e, portanto, não serão liberados tão cedo. 

Samatvam yoga ucyate – Yoga é equanimidade

Estando firme na prática do Yoga, realize ações no mundo, mas sem apego, Arjuna, sendo indiferente ao sucesso ou fracasso. Pois equanimidade é a definição de Yoga.  Bhagavad Gita 2.48

Através da capacidade de agir com consciência, há um aumento natural na estabilidade psicoemocional, que nos permite viver com mais equanimidade. A essência da equanimidade é a capacidade de ver desafios, questões e problemas como oportunidades para transformação, e não como problemas para serem resolvidas,

Essa mudança de atitude é fundamental para a união com o nosso Ser Real, pois enquanto vermos a vida como algo que precisa ser consertado ou conquistado, estaremos sempre tendo de solucionar os problemas de fora para dentro, que segundo Yoga, só podem ser solucionados de dentro para fora. 

Duḥkha Saṁyoga Viyogaṁ – Yoga é a separação das causas do sofrimento

Yoga é a separação das causes do sofrimento (na personalidade condicionada) Bhagavad Gita 6.23

Esta definição enfatiza o papel do Yoga em liberar as podrões e tendências que causam sofrimento ao nível da personalidade condicionada. 

Essa identificação e o sofrimento que a acompanha são tão arraigados e inconscientes que a maioria das pessoas nem reconhece como os condicionamentos geram limitação e sofrimento. 

A prática de Yoga trará a tona essas crenças limitantes e vai gradativamente liberá-las. 

Yogaḥ Yuktaḥ – Yoga é moderação

Para aquele que é moderado na comida, na diversão, no sono e na vigília, cujos ações são disciplinados, o yoga destrói todo sofrimento. Bhagavad Gita 6.17 

Neste verso, vemos que, embora o Yoga exija disciplina, controle e maestria, é essencialmente a arte e a ciência do equilíbrio que evita os extremos. 

Este verso nos aconselha contra práticas rígidas e a austeridade excessiva.

Este equilíbrio é muitas vezes comparado à afinação de um instrumento musical. 

Se as cordas estão muito soltas, o som é desequilibrado e se as cordas estão muito apertadas, o som também é desequilibrado, mas quando o instrumento está perfeitamente afinado, o som é doce e harmonioso.

Yoga nos Yoga Sutras de Patanjali – 2.000 anos atrás 

Os Yoga Sutras de Patanjali são fortemente influenciados pelos Upanishads, mas têm outras influências importantes. A primeira é a filosofia Samkhya, uma ciência de libertação espiritual. 

A outra influência é o Budismo, que é uma tradição espiritual que focaliza na disciplina, na ética e, especialmente, na meditação. 

As definições de Yoga nos Yoga Sutras refletem essas influências, mas a mais importante é a meditação. 

Yogaḥ aṣṭāṅgayogaḥ – Yoga é Corporificado nos 8 Angas

yama niyamā ‘sana prāṇāyāma pratyāhāra dhāraṇā dhyāna samādhayo ‘ṣṭāv aṅgāni – Yoga Sutra 2.29

Os oito angas são considerados o coração do Yoga porque abrangem todas as facetas da prática. 

Começa com os fundamentos éticos, continua com as práticas para o corpo e a respiração, seguidas por uma introversão dos sentidos, o que permite concentração em um único ponto. 

Essa concentração serve como base para a meditação, que culmina em absorção meditativa, samādhi, como uma porta para o reconhecimento de puruṣa como nosso Ser real.

Yogaś citta vṛtti nirodhaḥ – Yoga é o aquietar das atividades da mente

O Yoga Sutras de Patanjali 2.3 define Yoga como aquietar a mente. Essa calma pode ser experienciada em três níveis, que são abordados ao longo dos Yoga Sutras. 

O primeiro é observar os pensamentos e emoções sem identificar-se com eles. 

O segundo nível é a experiência da mente silenciosa, que acontece gradativamente através da prática da meditação apoiada pelos demais angas de Yoga. 

O terceiro nível, que acontece na prática do samadhi é reconhecer que a natureza original da mente é silêncio.

Yogaḥ abhyāsaḥ – Yoga é pratica com disciplina

Yoga é uma experiência de união em vez de ser uma filosofia ou uma religião. 

Todas essas técnicas e teorias são maneiras de abrir uma porta para uma experiência de união que vai além das palavras e além da mente. 

Por isso, Yoga é sempre prática, e a teoria é só para guiar a prática. 

Yogaḥ samādhiḥ – Yoga é samadhi

Cada um dos angas do Yoga, quando praticado com sinceridade e esforço, nos prepara para a quietude completa da mente que é experimentada em Samadhi

Essa experiência é a essência da prática de Yoga, na perspectiva dos Yoga Sutras de Patanjali. 

Samadhi é um estado de profunda absorção meditativa, no qual nos concentramos exclusivamente em um único objeto de meditação e nos fundimos completamente com esse objeto, de modo que o meditador e o objeto da meditação se unam como uma única entidade.

Existem vários níveis de Samadhi e, à medida que aprofundamos nossa prática, nosso objeto de meditação torna-se cada vez mais sutil, até que é completamente transcendido e permanecemos na experiência de puro Ser consciente, além do mundo dos pensamentos, conceitos, teorias ou crenças. 

Yoga nos textos de Hatha Yoga de 1.000 anos atrás 

O corpo ganha importância nas práticas de Hatha Yoga, que começaram há 1.000 anos. Estas práticas que incluem os asanas e pranayamas visam fortalecer e purificar o corpo para que ele se torne um veículo para a transformação espiritual e, finalmente, um templo do Divino. 

Os textos de Hatha Yoga muitas vezes se referem ao corpo como ghata, uma panela de barro, que precisa ser “cozida” e purificada para que não se desmanche quando jogada na água da vida diária. 

Yogaḥ ghaṭa śuddhim Yoga é purificação e fortalecimento do corpo.

Como uma panela de barro não assada jogada na água, o corpo logo decai neste mundo. Asse duro no fogo do Yoga, a fim de fortalecer e purificar o corpo. Gheranda Samhita 1.8

Kevalam rajayogaya hathavidyopadisyateAs práticas de Hatha Yoga existem exclusivamente para alcançar Raja Yoga, meditação. HYP I.2

Os textos de Hatha Yoga têm influências dos Yoga Sutras de Patanjali. Mesmo com forte ênfase no desenvolvimento e purificação do corpo, todos os textos de Hatha Yoga clarificam que o desenvolvimento do corpo é um meio e não um fim em si mesmo. 

O fim é o reconhecimento do Ser real, que acontece através da meditação, chamada raja yoga, o Yoga do rei, sendo o Yoga mais elevado. 

Yogaḥ Saṁyogaḥ jīvātmanparamātmanYoga é a união da psique individual com o Eu transcendental.  Yoga Yājnavalkya (1.44)

Aqui, nós percebemos que a definição original de Yoga continua ao longo da sua história.

Yogaḥ sūryā candraḥ – Yoga é a união de sol e lua 

Yoga é a união do sol e da lua, do eu individual com o Eu universal e a unificação de todas as dualidades. Yogabija 89

Os textos de Hatha Yoga focam na integração de todas as polaridades da vida para no final encontrar união e harmonia. Essas polaridades são físicas como o lado direito e esquerdo do corpo e também psicológicas, como feliz e infeliz. 

Essas polaridades são incorporadas no corpo sutil na forma dos nadis Ida e Pingala. Através das práticas de Hatha Yoga, encontramos integração, união, centramento e harmonia, incorporado no sushumna nadi e na experiência de realização espiritual. 

Yoga como um todo

Yogaḥ Saṁyogaḥ – Yoga é União

O conceito de Yoga como união engloba uma ampla gama de significados, cada um dos quais contribui para o entendimento do Yoga como um todo. 

O significado final de Yoga como união é a junção da alma individual, Atman, com o Eu Universal, Brahman, que é a compreensão de que o objetivo primordial da jornada de vida de cada indivíduo é a união com o seu Ser Real, que é ao mesmo tempo o Ser Universal e a Fonte da Criação.

União com corpo – Começamos essa jornada de união no nível mais palpável: a união com o nosso próprio corpo. Embora nos relacionemos com o corpo como “eu” e “meu”, nosso relacionamento muitas vezes carece de profundidade ou intimidade real. 

De fato, nosso corpo é frequentemente tratado como um objeto ligeiramente estranho, usado pela personalidade cotidiana em sua busca por sobrevivência, reprodução e hierarquia social. 

Através do Yoga, nos unimos completamente ao nosso corpo, otimizando o seu funcionamento e transformando-o em um veículo apropriado para a jornada de união com o nosso Ser Real.

Exercício: Viaje pelo corpo parte por parte sentindo cada parte completamente como se fosse a única coisa que existe. Note que enquanto a consciência do corpo se aprofunda, a parte do corpo que estamos habitando cresce dentro da consciência. Ao final, sinta o corpo como um todo. 

União com a respiração – Essa união com o corpo serve como base para nos unirmos à nossa respiração, através do pranayama, a ciência da respiração yógica. 

À medida que desenvolvemos o domínio sobre a nossa respiração, equilibramos o sistema nervoso, reduzindo estresse e cultivando equanimidade, o que serve como um alicerce para a nossa jornada de união com o nosso Ser Real. 

A união com a respiração naturalmente desperta a consciência para o nosso corpo de energia sutil, uma dimensão expansiva do nosso ser que transcende completamente nossos pensamentos, sentimentos e crenças cotidianas, afrouxando, assim, a nossa rígida identificação com a personalidade.

Exercício: Respire nos pulmões individualmente, depois nas partes anterior e posterior dos pulmões, em seguida, nos lados do corpo utilizando a narina do lado que estamos focando. Finalmente, pratique a respiração das narinas alternadas juntamente com os lados do corpo. Inale pela narina esquerda enviando o ar para o lado esquerdo do corpo, exale pela narina direita focando no lado direito do corpo. 

União com a mente – A união com a nossa respiração e com o nosso corpo de energia sutil cultiva uma expansividade em nosso ser psicoemocional, que nos permite olhar para ele com mais abertura e objetividade. 

Por fim, passamos a enxergar a mente cotidiana, manas, não mais como a nossa verdadeira identidade, mas como um lugar onde os padrões limitantes de pensamentos, sentimentos e crenças habitam. 

O primeiro passo para a liberação desses condicionamentos é nos unirmos a eles profundamente de modo a tomar consciência de como eles causam sofrimento e limitação. 

Através de uma maior intimidade e consciência do nosso ser psicoemocional, vemos que a personalidade é, na verdade, um conjunto de condicionamentos na forma de instintos evolutivos de sobrevivência e influências da cultura, sociedade e família, todos distintos do nosso Ser Real. 

Exercício: Focalize sua atenção em um desafio que está enfrentando na sua vida atualmente. Sinta este desafio em seu corpo, notando a localização, a cor, o peso, o formato, a densidade, e outras características. Simplesmente observe sem tentar modificar ou eliminar. Note como o espaço criado cultiva objetividade que permite mais relaxamento e clareza. 

União com a mente superior – Esse gradual reconhecimento da natureza limitante dos condicionamentos da personalidade naturalmente desperta a nossa mente superior, buddhi, que nos permite testemunhar pensamentos, sentimentos e crenças limitantes sem reprimir, reagir inconscientemente ou se identificar com eles como “eu” e “meu”. 

À medida que despertamos a mente superior, o testemunho torna-se espontâneo e natural, gradualmente liberando as tendências de negatividade, hostilidade, inadequação e incapacidade. 

Essa união com a nossa mente superior através do testemunho consciente é especialmente importante nos momentos em que experimentamos perda, dor e sofrimento, uma vez que, por trás de toda experiência de limitação, sempre existe a possibilidade de enxergar uma crença limitante, que é a causa da dor psicoemocional. 

Exercício: Meditação da prateleira

União com o Ser Real: Através da consciência e liberação de pensamentos, sentimentos e crenças limitantes, um espaço é criado para a compreensão da definição essencial de Yoga como união. Esta união seria uma união com o Ser Real, que é a pura consciência, inerentemente plena, o Ser Universal no coração de toda a criação, cuja verdadeira essência é união.

Exercício: Focalize nas qualidades inerentes do Ser real: harmonia, plenitude, paz, ilimitação, desapego, clareza, destemor.

meditação de ano novo

 

Por Joseph Le Page
Diretor e Co-fundador da Editora Yoga Integrativa

A História do Yoga – parte V. Yoga Sutras de Patanjali – de 2.000 anos atrás – Raja Yoga

Codifica a essência das tradições anteriores

O texto filosófico Yoga Sutras de Patanjali, datado de aproximadamente dois mil anos, codifica os princípios essenciais do Yoga em 196 aforismos, chamados sutras. Os Yoga Sutras definem a visão do Yoga, suas práticas e técnicas, bem como as experiências que surgem ao longo da jornada que culmina em uma experiência de liberdade espiritual, chamada kaivalya.

Os oito níveis ou angas do Yoga, chamados de Ashtanga Yoga, são muitas vezes considerados o coração dos Yoga Sutras, formando a base para o estudo e a prática do Yoga. Os oito angas traçam o caminho completo da transformação espiritual, começando com os valores éticos; seguido pela integração do corpo e da respiração; preparando-nos para estados progressivamente mais profundos de meditação, levando a uma experiência de absorção completa, samadhi.

Os Yoga Sutras de Patanjali representam uma congregação dos pontos de filosofia e práticas das tradições anteriores mais importantes. Do Samkhya, recebe a noção purusha e prakriti; com prakriti feito dos cinco elementos. De Vedanta, recebe o conceito de karma, de Ishvara e da importância do OM. Do Budismo, recebe a importância de desapegar da vida, cuja natureza é de sofrimento. Também recebe a importância da disciplina e de meditação.

A filosofia dos Yoga Sutras se encontra de forma concisa nos quatro primeiro sutras:

– Sutra I.I Atha Yoga Anusásanam – Agora o ensinamento do yoga.

O ensinamento começa quando chegamos a um trevo na vida. Antes sempre escolhíamos o caminho de felicidade através dos objetos ao nosso redor.   Através de várias experiências de insatisfação, decidimos optar por outro caminho, o caminho de autotransformação que é o caminho de Yoga. Nesse caminho de Yoga, eu reconheço que eu sou o problema e também a solução.

Desde o momento em que escolho o caminho de Yoga aprendo a despertar a experiência da completude dentro de mim, a felicidade independe dos fatores externos. Desde o momento em que escolho o caminho do Yoga eu uso as experiências para aprender sobre eu mesmo através de observar as minhas reações e de agir com inteligência ao invés de reagir inconscientemente.

Eu escolho o caminho de autotransformação, o caminho do Yoga.

– Sutra I.II Yogah Chitta Vritti Nirodhah – Yoga é a cessação dos movimentos na consciência. (tradução literal)

Yoga é a dissolução da identificação com padrões de pensamentos dentro da consciência. (intenção da tradução). Antes de escolhermos o caminho do Yoga nos identificávamos com os pensamentos como, eu e meu. Também atuamos no mundo como se a personalidade, a fonte dos pensamentos pudesse oferecer felicidade e paz. O processo de pensar, e especialmente de projetar a mente no passado e para o futuro é um dom do Ser Humano. O problema não existe nos pensamentos, mas na confusão de enxergar ou de confundir o Ser real com a personalidade.

A minha mente serve como veículo para a minha própria libertação.

– Sutra I.III Tada Drastuh Svarupe Avasthanam – Então o testemunho se estabelece, na sua própria natureza. (tradução literal).

Este sutra define o objetivo do yoga, o estado que nós experimentamos quando conseguimos resolver os vrittis.  A experiência da nossa própria natureza como plenitude e paz é intrínseca. Isso que dizer que não é um estado criado por técnicas de yoga e muito menos por buscar prazer e sucesso no mundo.  Este estado é composto de Sat-Chit-Ananda.

Sat quer dizer verdade e refere-se a uma experiência do ser real que é inconfundível. Autoconhecimento é acompanhado por uma experiência de entendimento da natureza sutil de tudo.

Chit quer dizer consciência e refere-se à qualidade de infinitude, em relação ao tempo/espaço e no nível material à nossa habilidade de alcançar nosso potencial.

Ananda refere-se à um estado de bem-aventurança e completude em todos os momentos.

Eu descanso na minha própria natureza de luz liberdade e clareza

–  Sutra I.IV Vritti Sarupyam Itaratra – Nos identificamos com os movimentos da mente, nos outros momentos. (Quando não conseguimos resolver os vrittis através do yoga).

Caso contrário, continuamos andando em círculos (samsara), com confusão, conflito e tristeza.  No momento em que você não está no estado de yoga, você se identifica com os acontecimentos que afligem sua personalidade como se eles tivessem o poder de tocar seu Ser real.  A ideia principal dos Yogas Sutras é que a personalidade poderia ser na melhor das hipóteses um veículo adequado para realizar o Ser real, mas somente depois de purificá-lo.

         As experiências da minha vida sempre me levam na direção do Yoga.

Exercício: Reflita nesses quatro sutras em relação à sua própria vida. Qual foi o momento decisivo para você embarcar na jornada de Yoga?

Tradições que seguem, incluindo Tantra e Hatha Yoga 

Patanjali também oferece um vislumbre das tradições que vao aparecer depois da época dele que completam a tradição de Yoga. O primeiro é o Tantra. O capítulo três dos Yoga Sutras apresenta uma anatomia do corpo sutil incluindo os chakras, nadis e prana vayus que fazem parte da tradição de Tantra. Os sutras que apresentam asana refere somente a posturas sentadas de meditação. Mesmo assim, representam uma filosofia completa de Asana no contexto do caminho espiritual.  A apresentação de pranayama contém toda informação fundamental para a pratica incluindo os objetivos.

Para conhecer a história do Yoga em seus textos anteriores, acesse:

 

Por Joseph Le Page

Autor do Livro Yoga Sutras em Prática

Diretor do Centro de Yoga Montanha Encantada

Fundador da Yoga Integrativa

Filosofia Samkhya para Crianças de todas as Idades

Era uma vez um planeta chamado Purusha. Você poderia dizer que Purusha era um lugar perfeito para se viver; todos estavam felizes e havia uma sensação de que não havia tempo ou limites. De fato, o povo de Purusha era completo em todos os sentidos. O único problema era que em todo aquele vasto reino não havia um espelho. Sem um espelho, os Purushianos não podiam ver a si mesmos, então, embora fossem perfeitos, não tinham como reconhecer ou tomar consciência de sua perfeição inerente. Essa ausência de um espelho para ver o próprio reflexo era a fonte do desejo de ir em busca de um caminho de autoconhecimento.

Um dia, os Purushianos ouviram falar de um planeta distante chamado Prakṛti. Lá era  possível conhecer a si mesmo em um mundo de dualidade, com o mundo lá fora e um “eu” separado para experimentá-lo. Este mundo de dualidade podia ser experimentado através do som, do tato, da visão, do paladar e do olfato, por isso era de fato um espelho para todos os cinco sentidos. Viajando para Prakṛti, os Purushianos seriam capazes de ter toda a paz e alegria ilimitadas de Purusha e também estar conscientes disso; uma jornada de exploração e aprendizado, para retornar a Purusha tão inteiros quanto conscientes de sua totalidade.

Para fazer a viagem ao planeta Prakṛti, os Purushianos precisavam de naves espaciais que pudessem suportar a atmosfera quando chegassem. Então construíram suas naves com os mesmos cinco elementos que compõem o planeta Prakṛti, para onde iriam: terra, água, fogo, ar e espaço. Cada nave era feita à mão e tinha características individuais, mas no geral, elas se encaixavam em três modelos básicos: as naves kapha eram densas e sólidas, as naves pitta eram rápidas e impetuosas, com motores potentes, e os modelos vata eram leves e rápidos.

As naves são chamadas de Corpos. No centro de cada nave está o principal passageiro, chamado “Espírito”, que carrega a essência da liberdade e consciência ilimitadas, a marca registrada do planeta Purusha. Cada nave também tem um piloto chamado “Mente”. Logo, Corpo, Mente e Espírito devem trabalhar juntos para fazer a jornada, com o entendimento de que tanto o corpo quanto a mente são, em última análise, veículos para a jornada da Alma em direção ao Autoconhecimento.

No início de sua jornada, os Purushianos instalaram um poderoso transmissor no espaço para que estivessem sempre em contato com o planeta Purusha. Esta ferramenta de transmissão para Purusha foi chamada Mahat, que significa “o grande” para que a essência da totalidade e do ilimitado que são as marcas registradas do planeta Purusha nunca fossem perdidas. Cada espaçonave também tinha um computador de bordo ultra-inteligente, chamado Buddhi, para garantir que os sinais vindos de Purusha fossem recebidos e transmitidos ao piloto para guiar a nave ao planeta Prakriti e retornar ao planeta Purusha. 

Cada nave tem sua própria identidade ou senso de individualidade, pois cada uma é uma combinação única dos cinco elementos, de modo que a jornada e o destino de cada um são únicos, tanto na jornada para Prakriti quanto no caminho de retorno a Purusha. Essa identidade única e individual para cada viajante é chamada de Ahamakara, que pode ser traduzida livremente como “quero fazer do meu jeito!”

Embora cada nave tenha uma jornada única, no geral, eles se enquadram em três categorias básicas. As naves kapha são pesadas e lentas, mas fazem um progresso constante. A embarcação pitta se destaca em velocidade e desempenho, mas quando as coisas dão errado, o piloto perde um certo tempo procurando a quem culpar. As naves vata têm a jornada mais emocionante, explorando diferentes universos e planetas, mas muitas veze, o condutor acaba esquecendo onde deixou as chaves da espaçonave… 

No final, todas as naves chegaram ao mesmo tempo ao destino. À medida que se aproximam do planeta Prakṛti, os pilotos preparam os dispositivos sensores necessários para a exploração. Um conjunto de dispositivos sensoriais são os jnanendriyas, ou instrumentos de conhecimento, incluindo a capacidade de cheirar, saborear, ver, tocar e ouvir. Os outros são instrumentos de ação chamados karmendriyas, como a capacidade de falar, tocar, mover, agarrar, eliminar resíduos e até mesmo procriar pequenas naves Purushianas, pois a jornada completa pode levar mais de uma geração.

Enquanto as naves se aproximam do planeta Prakṛti, elas encontram uma série de tempestades inesperadas que fazem parte de sua atmosfera. Há tempestades de tremenda energia e turbulência, chamadas rajas. Há também marasmo, chamados tamas, em que nada se move. Esses ciclos de rajas e tamas são intercalados com momentos de equilíbrio perfeito, chamados sattva, quando a jornada flui suavemente e sem esforço. 

Todas as naves conseguem chegar ao planeta Prakṛti, mas a jornada é difícil. Muitos dos pilotos chegam traumatizados e sofrendo de amnésia crônica recorrente, na qual esquecem sua missão original de exploração e autoconhecimento para retornar ao planeta Purusha. Eles passam a acreditar que são suas naves compostas pelos cinco elementos e usam seus sentidos e órgãos de ação para buscar o prazer e evitar a dor, acreditando que prakriti e suas experiências são sua única realidade, enquanto o passageiro e o motivo da viagem, o  Espírito, está completamente esquecido, ou é apenas uma memória distante. Com sua missão original esquecida, seu tempo é gasto no shopping procurando itens para embelezar a nave ou nas férias tirando selfies.

Esse padrão de dirigir suas naves em círculos para se manterem ocupados, sem nunca encontrar o verdadeiro propósito ou significado da vida, é chamado de Samsara, que significa literalmente “andar em círculos”. Mas não importa o quanto eles tentem se manter ocupados para evitar olhar para suas vidas mais profundamente, há uma sutil voz interior vindo do Espírito, dizendo-lhes que deve haver algum propósito e significado mais profundos para viver. 

Aqueles que ouvem esta mensagem mais claramente são os Rishis, ou videntes, e Gurus, aqueles que podem levar as pessoas dos padrões circulares do planeta Prakṛti de volta à lembrança de quem eles realmente são como cidadãos de Purusha. Esses pioneiros também são chamados de Yogis, o que significa “unir” ou, neste caso, “reunir-se com quem somos como Espírito”. 

Aqueles que decidem fazer a viagem de volta para Purusha precisam primeiramente reparar suas naves dos danos causados ​​pelo estresse crônico e sobrecarga sensorial causadas em um planeta sob o domínio e a constante variação dos três gunas (rajas, tamas e sattva). 

Essas estações de reparo usam uma ciência chamada Ayurveda para reequilibrar os cinco elementos dos quais as naves são feitas. Às vezes, todos os sistemas das naves devem ser completamente limpos em um processo chamado Panchakarma. Uma vez em equilíbrio, as naves precisam de um caminho para sua jornada de volta, e um dos mais claros deles é do Sábio Patanjali: Um manual sobre o retorno ao Planeta Purusha em 8 passos, chamado Ashtanga Yoga

Os dois primeiros passos, chamados yama e niyama, são guias de conduta e comportamento na jornada para casa.  O terceiro passo, asana, é um guia para manter a nave estável e confortável para garantir sua segurança ao longo do caminho. O quarto passo, pranayama, envolve ter energia adequada para a jornada e usar essa energia

com sabedoria. O quinto passo, pratyahara, é tirar a atenção do piloto de todas as distrações do planeta Prakṛti para que ele possa se concentrar em sua jornada de retorno. O sexto passo, dharana, é estabelecer um curso fixo de um ponto e permanecer nesse curso durante todo o caminho para casa. O sétimo passo, dhyana ou meditação, é a própria jornada, com todos os sistemas da nave funcionando de forma espontânea e sem esforço, guiados por Buddhi em contato com Mahat para manter uma comunicação contínua com a energia de paz e alegria do planeta Purusha. Através da metodologia do Asthanga Yoga, muitas das naves podem voltar para casa e, uma vez lá, reassumir sua verdadeira identidade como cidadãos do planeta Purusha e retornar a um estado de paz, integridade e harmonia chamado samadhi, o oitavo e final passo do manual. 

Esses exploradores, no entanto, não são os mesmos de quando partiram. Agora eles têm um espelho de consciência. Eles conhecem o planeta Prakṛti e o mundo da dualidade e agora, voltando para casa no planeta Purusha, eles estão completos e inteiros e sabem que é assim. O aprendizado final e mais profundo desta jornada é que o planeta Purusha e o planeta Prakṛti são, na verdade, um. O mundo da matéria e o mundo do espírito não são opostos um ao outro e nossa própria versão do planeta Prakṛti, chamada Terra, está nos chamando para tratá-la com amor e reverência para que Purusha e Prakṛti possam viver juntos em paz e alegria, felizes para sempre.

Por Joseph Le Page
Tradução Glaucia Rosa Damazio

 

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Cada ficha tem um Ásana,que são as posturas físicas do yoga, categorizadas de acordo com os Chakras, os centros de energia vital do corpo. São 76 posturas com instruções detalhadas e os benefícios no nível do corpo físico, dos chakras, da mente e das emoções, e do nosso ser espiritual mais profundo, o coração e a essência do Yoga.

As posturas são ilustradas, incluindo suas modificações e variações mais comuns.  Em cada ficha, você encontra o simbolismo daquele Asana; seus benefícios para os sistemas corporais, e os Chakras, Prana Vayus e Doshas do Ayurveda envolvidos. E você pode retirar as cartas do fichário e levar para onde quiser!

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Namaste!

Meditação dos 5 Elementos

Dentro da filosofia do Yoga, toda a criação está composta pelos 5 elementos: Terra, Água, Fogo, Ar e Espaço.

Nossos corpos e mentes também são compostos destes 5 elementos.

Cada elemento está localizado em uma área específica do corpo e também está relacionado a um ou mais sistemas do corpo.

Cada elemento tem um símbolo, e também está relacionado a um aspecto da natureza.

Através da meditação sobre os 5 elementos e seus vários atributos, conseguimos equilibrar perfeitamente nossos corpos e mentes também feitos dos 5 elementos.

Aperte o Play e venha meditar juntamente com o Professor Joseph LePage, para alcançar a saúde plena através dos 5 elementos!

 

O que é meditação?

Existem inúmeras maneiras de entender a meditação.

Por um lado, é uma técnica para focar e acalmar a mente. Por outro lado, é o reconhecimento do nosso verdadeiro Ser como consciência pura, que é UM com todo o universo e com a fonte divina da criação.

Também podemos dizer que focar e acalmar a mente é a prática inicial da meditação, enquanto o reconhecimento do nosso verdadeiro Ser é o objetivo final. Entre esses dois polos, existe um enorme campo de teoria e prática com uma história de mais de cinco mil anos.

Meditação e os 5 koshas

Uma das melhores maneiras de colocar toda a meditação dentro de um formato compreensível é o modelo dos cinco koshas da Taittirya Upanishad, de três mil anos atrás.

Neste texto sagrado, Bhrigu pergunta a seu pai Varuna como meditar para conhecer a natureza de Deus e seu próprio Ser. Varuna diz a Bhrigu que para alcançar esse entendimento, ele terá que meditar com tapas, disciplina e sinceridade. Bhrigu faz cinco jornadas de meditação e cada uma permite que ele vá na direção do seu objetivo de autoconhecimento. Essas cinco viagens são chamadas de cinco koshas, e ao compreendê-las, podemos entender toda a meditação.

Os cinco koshas também servem como uma estrutura para nossa própria jornada de autoconhecimento.

Os 5 koshas

1. No nível de Annamaya Kosha , o meditador aprende a estabilizar o corpo e a postura. Também acalma e equilibra os sistemas fisiológicos do corpo.

2. No nível de Pranamaya Kosha, o meditador aprende a estabilizar a respiração e o corpo sutil composto por chakras e energia.

3. No nível de Manomaya Kosha, o meditador aprende a relaxar, focar e estabilizar a mente.

4. No nível de Vijnyanamaya Kosha, o meditador aprende a testemunhar, a observar com neutralidade tudo o que ocorre na mente e no corpo.

5. No nível de Anandamaya Kosha, o meditador experimenta as qualidades inerentes ao seu verdadeiro Ser, incluindo a plenitude, o silêncio interior, a paz, o propósito e significado da vida.

6. Em última análise, o meditador alcança absoluta clareza em relação à sua própria identidade, à natureza da criação e à natureza do Criador, a inteligência no coração de tudo o que existe, chamado Brahman.

Assista ao vídeo e experimente estes níveis em uma breve meditação, que nos permitirá integrar todo o panorama da meditação e ter um vislumbre de nosso verdadeiro Ser.

Joseph Le Page

Curso “A Essência do Yoga”, com Joseph Le Page em Manaus

Instituto de Yoga Ganesha, em Manaus (AM), recebe no mês de julho o Curso A essência do Yoga. Ministrado por Joseph Le Page, Cléo Weber e Géssica Weber, o curso permite o vivenciar e desabrochar dos vários ramos do Yoga que, juntos, constituem uma compreensão da essência do Yoga em sua totalidade. O curso oferece certificado de 50 horas de Participação em Yoga Integrativa, do Centro de Yoga Montanha Encantada.

Inscrições até o dia 15 de junho têm R$100 de desconto!

Curso: “A essência do Yoga”

Data: de 26 a 31 de Julho de 2022. (de terça-feira à noite até domingo à noite)

Local: Local: Instituto de Yoga Ganesha, Manaus – Av. Álvaro Maia, 406 Presidente Vargas.
Ao lado da Creche Lápis Criativo.

  • A essência das posturas de Yoga (Ásana)

 

Quais são seus princípios essenciais para a prática autêntica e segura. Para as principais posturas abordaremos alinhamentos, benefícios, contraindicações, ajustes, variações e modificações que atendam às necessidades individuais;

  • A essência do Pranayama

Quais são os princípios essenciais para a prática das técnicas de respiração para otimizar a saúde e longevidade, aquietando e acalmando a mente. Abordamos as principais técnicas de Pranayamas, técnicas de respiração e Mudras, gestos de mãos, para otimizar o fluxo de energia vital e saúde.

  • A essência do Dhyana

Quais são os princípios essenciais para a prática de meditação a fim de desenvolver concentração, clareza e equilíbrio mental, e uma experiência de autoconhecimento.

  • A essência dos Chakras

Quais são os princípios essenciais para o entendimento dos Chakras, os centros energéticos do corpo, e o papel deles na saúde, no equilíbrio e em nossa evolução espiritual.

  • A Essência do Yoga Nidra

Quais são os princípios essenciais para a prática de relaxamento profundo, permitindo a redução do estresse e o desenvolvimento de clareza mental.

  • A essência de Vidya

Quais são os princípios essenciais da filosofia do yoga para entender quem somos, a natureza e o propósito da vida.

Inscreva-se aqui!

Programação do Curso A Essência do Yoga em Manaus

Dia 26 de julho (Terça-feira)

20:30 as 22 horas. Abertura e introdução

 

Dias 27, 28, 29, 30 e 31 de Julho (Quarta a domingo)

07:00 as 08: 30 – Aula de Yoga e Meditação.

08 :30 as 09 :30: Café de manhã.

09:30 11:00- – A Essência da Vidya, Filosofia do Yoga (Joseph).

11:00 a 11:15 – Intervalo.

11:15 a 13:00 – A Essência do Ásana: as posturas de Yoga (Cleo e Gessica).

13 a 14;30 – Almoço.

14;30 a 16;00 – A Essência dos Chakras, a experiência dos centros energéticos como um caminho espiritual (Joseph).

16;00 a16;15- Intervalo.

16:15 as 17:30 – A Essência dos Pranayamas, as técnicas de respiração, (Géssica).

17:30 as 17:45 – intervalo.

17:45 as 19:00 – A Essência de Meditação e Yoga Nidra, experimentando a teoria e técnica de Meditação, finalizando numa experiencia de relaxamento profundo. (Joseph, Cléo, Géssica).

19;00 as 20:30 – Jantar.

20:30 as 21:30 – Atividades suaves e relaxantes, incluindo movimentos terapêuticos, cantos de mantras, danças circulares e cerimônia de encerramento no domingo.

Sobre o espaço Instituto de Yoga Ganesha, Manaus

Informações e reservas

Valor do curso: R$950,00 (O café de manhã esta incluso)

Reservas via Depósito de R$300,00 através do PIX: 05.402.679/0001-69 em nome de Yoga Integrativa

O restante do valor deverá ser pago via PIX até 24h antes do início do evento. Os comprovantes devem ser anexados no formulário de inscrição ou enviados para Géssica Weber

E-mail: gessicaweber@gmail.com
Fone: 55 9991.05624

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Sobre os Professores

Prof. Joseph Le Page

Norte-americano, naturalizado brasileiro. Mestre em educação experiencial e fundador do Integrative Yoga Therapy (1993). Nos últimos 20 anos, formou mais que 3.000 professores de Yoga e Yogaterapeutas pelo mundo. É fundador do programa de Yoga para Pacientes Cardíacos, no California Pacific Medical Center, San Francisco/CA, em 1995. Desde 1996, faz parte da equipe de professores do Kripalu Center, MA, o maior instituto de Yoga dos EUA. Fez parte da equipe de professores do Mestrado em Yoga, em Sonoma State University, e Antioch University, ambos na Califórnia. É Co-fundador do Centro de Yoga Montanha Encantada, em Garopaba/SC, o maior centro de retiro de Yoga e autoconhecimento da América Latina, inaugurado em 2003. Presidente do Instituto Yoga Integrativa, entidade sem fins lucrativos, localizada no Centro de Yoga Montanha Encantada. É co-diretor do programa de Yogaterapia Coração Saudável, realizado desde 2006 em Garopaba/SC, em parceria com p PSF-NASF de Garopaba e com o Projeto Amanhecer do Hospital Universitário da UFSC.

Prof. Cléo Weber

Pedagoga. Formada em Let Your Yoga Dance, nos EUA. Formada em Yoga Integrativa pelo Centro de Yoga Montanha Encantada, em 2015. Yogaterapeuta formada no Centro de Yoga Montanha Encantada, desde 2016. Formada em Naturopatia e Dança Circular Sagrada. Cleonice atualmente ministra aulas de yoga e práticas de Chakra Yoga Dance no Espaço Pura Yoga e outras cidades da região

Prof. Géssica Weber

Engenheira Ambiental e Mestre em Engenharia Ambiental. Possui formação de professora de Yoga pelo Centro de Yoga Montanha Encantada (2017), Anatomia do Yoga e Formação Livre em Meditação. Desde a sua formação atua como professora assistente em diversos cursos do Centro. Atualmente gerencia e ministra aulas de Yoga Integrativa no Espaço Pura Yoga (Santa Maria – RS). Também ministra aulas na Formação de Professores em Yoga Integrativa – Formato extensivo em Santa Maria – RS.

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