Por que cantamos Shanti, Shanti, Shanti Hari Om no Yoga?

Shanti quer dizer “paz”, mas também tem um grande leque de conotações incluindo harmonia, silêncio, perdão, proteção, conforto e até abundância. Cantamos Shanti três vezes no início e fim de qualquer prática de Yoga e cada um desses três Shantis tem um sentido especial.

– O primeiro Shanti se chama adhi daivika, e refere-se ao Shanti no nível espiritual. Este primeiro Shanti é um desejo para a paz em nosso relacionamento com o universo. Com Shanti neste nível, nossas estrelas estarão alinhadas e ficaremos protegidos das forças da natureza.

– O segundo Shanti se chama adhi bhautika, e refere-se à intenção de ter Shanti com todos os outros seres encarnados ou desencarnados. Através deste segundo Shanti, reconhecemos que todos os seres querem experimentar a felicidade e evitar o sofrimento no nível do seu conhecimento. Quando encontramos pessoas de pouco conhecimento, temos que reconhecer que nada é feito contra nós pessoalmente. Assim, podemos manter-nos em Shanti sem julgar ou criticar.

– O terceiro Shanti se chama ādhy ātmika, e refere-se à experiência de cultivar Shanti dentro de nós mesmos através das práticas de Yoga e meditação. Para ter Shanti dentro de nós, precisamos estar conscientes de nossos próprios padrões de negatividade, para gradativamente reduzi-los através da prática de Yoga. Entre os três Shantis, este último é considerado o mais importante porque entre eles, é ele que nos dá mais possibilidade de cultivar maestria sobre nós mesmos. Quanto mais cultivamos Shanti dentro de nós mesmos, automaticamente cultivamos Shanti nos outros e no Universo.

Depois dos três Shantis, cantamos Hari Om. Hari é um dos nomes de Shiva, o patrão do Yoga que nos ajuda a encontrar Shanti em todos os níveis de nosso ser.

Experimente cantar OM Shanti, Shanti, Shanti, Hari OM três vezes para afirmar Shanti em todos os níveis do seu Ser.

Shanti no Bhagavad Gita

A prática de Shanti tem grande importância nos textos de Yoga. No Bhagavad Gita 2.66, Krishna descreve Shanti da seguinte maneira:

nāsti buddhir-ayuktasya na chāyuktasya bhāvanā
na chābhāvayataḥ śhāntir aśhāntasya kutaḥ sukham (
Bhagavad Gita 2.66)

“Para aquele que não está conectado com seu poder de discernimento, não há sabedoria;
Sem sabedoria, não há como meditar;
Sem meditação, não há Shanti;
Sem Shanti, como pode-se ter felicidade?”

Shanti no Mahabarata

O maior texto sobre Shanti é Mahabarata, que tem um capítulo inteiro de 14 mil versos sobre Shanti. Este texto ensina todas as maneiras de alcançarmos Shanti nesta vida e é dividido em três tópicos principais:

Shanti em Relação aos Deveres

– O primeiro tópico apresenta Shanti que vem de fazer nosso dharma da forma correta. Dharma engloba nosso propósito da vida, incluindo profissão e todos os relacionamentos com familiares, amigos, etc. Todos estes relacionamentos deveriam respeitar nosso papel e responsabilidade e, ao mesmo tempo, ser fiéis ao nosso próprio Ser. Por ser um trabalho desafiador, agora entendemos por que são 14 mil versos!

Shanti em Relação aos Desafios e Adversidades

– O segundo capítulo apresenta como manter Shanti quando se enfrenta adversidades. Este capítulo destaca que não podemos ficar com Shanti somente quando as coisas estão andando bem. Isto porque o Universo está sobre a influência dos gunas, que são energias em oposição e assim, sempre irão produzir altos e baixos.

Precisamos utilizar todas as experiências tanto positivas quanto negativas para cultivar sabedoria e assim viver sempre com mais Shanti. Este trecho também destaca que afastar-nos do mundo não oferece a possibilidade de Shanti porque não oferece as lições que precisamos para nos transformarmos desafios em oportunidades de Shanti.

Shanti em Relação a nossa Própria Alma

– O terceiro tópico apresenta Shanti que vem das práticas de Yoga, incluindo meditação, que leva ao reconhecimento de nosso próprio Ser Real, de nossa própria alma. É somente através do encontro de nossa própria essência, cuja natureza é paz, que nós podemos encontrar Shanti da forma mais completa. Este desabrochar de nosso Ser interior representa simultaneamente a união com o Divino, a inteligência e energia no coração da criação.

Através de cultivar Shanti em todos os níveis de nosso ser, experimentamos gradativamente que nossa própria essência é Shanti, Shanti, Shanti, Hari OM.

Experimente:

 

Por Joseph Le Page

Joseph Le Page fundou o Integrative Yoga e a Integrative Yoga Therapy em 1993 e é pioneiro na área de programas de treinamento em Yogaterapia. Ele começou a ensinar Yoga Terapia em ambientes hospitalares em 1995 e continua até o presente como Diretor do Programa Coração Saudável, que conduz programas de grupo de Yogaterapia em ambientes de saúde pública no Brasil.

Joseph foi palestrante em grandes conferências, incluindo o Yoga Journal, a Associação Internacional de Terapeutas de Yoga, a Associação de Professores de Yoga Kripalu, a Associação Internacional de Yoga e Ayurveda e outras. É cofundador e diretor do Centro de Yoga Montanha Encantada em Garopaba, Brasil, um dos maiores centros de retiros de Yoga da América do Sul.

É coautor do Guia Prático de Posturas de Yoga para Praticantes e Professores, um dos materiais mais utilizados em programas de formação de professores nos Estados Unidos e no Brasil, publicado pela Editora Yoga Integrativa. Ele também é coautor do livro Mudras para Cura e Transformação, também publicado pela Integrative Yoga.

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