Como a prática de Yoga pode ajudar a parar de fumar

Fumar é um hábito que está intimamente ligado às emoções, razão pela qual muitos se referem a ele como um desejo de conforto. Quando a mente se sente inquieta ou ansiosa, pegar um cigarro pode ser uma forma de acalmar-se, por isso, quando o hábito se transforma em um vício, não é fácil abandoná-lo.

Devido à natureza inerentemente fundamentada da prática de Yoga, é possível criar uma conexão física, mental e emocional consigo mesmo que conduza à recuperação ao vício do tabaco. De acordo com Associação Americana de Osteopatia, a prática regular de Yoga pode ter efeitos positivos na clareza mental, nos padrões de estresse crônico e no relaxamento da mente.

Os benefícios de parar de fumar estão bem documentados, desde a melhoria da capacidade pulmonar e da circulação sanguínea até um sistema imunológico mais forte e redução do risco de câncer, problemas cardíacos e respiratórios. Mas o caminho para deixar de fumar não é linear e, como afeta tanto a mente como o corpo, a cessação do tabagismo deve ser abordada de forma holística.

Simplesmente livrar-se do cigarro não é suficiente, especialmente porque a nicotina permanece no seu sistema por pelo menos três dias após o uso. Os testes de nicotina podem detectar o subproduto cotinina do cabelo, saliva ou urina, que normalmente abrange os últimos três dias – você pode aprender mais aqui no Prilla.

Se você está se preparando para iniciar uma jornada para parar de fumar, é importante começar a relaxar o mais rápido possível. A introdução de práticas de atenção plena, como Yoga, que envolvem consciência corporal, pode treinar a mente para manter os desejos sob controle.

Aproveitando a Yoga para parar de fumar

Nada de achismos aqui: há evidências científicas que provam que a Yoga está positivamente ligada à cessação do tabagismo. Em um estudo com 30 adultos fumantes diários, os pesquisadores observaram uma redução de 12,55% no desejo por cigarro após uma sessão de meia hora de Yoga liderada por um instrutor certificado de Hatha Yoga. Há evidências de que o Yoga é significativamente melhor do que outros métodos centrados no bem-estar para atingir o objetivo de parar de fumar.

Outro ensaio clínico randomizado revelou que os participantes de aulas de Iyengar Yoga duas vezes por semana tinham chances 37% maiores de alcançar a abstinência do fumo em comparação com um grupo de controle que frequentava aulas de bem-estar geral. Existem posturas de Yoga específicas que você pode tentar para abrir os pulmões e facilitar a respiração. A postura da ponte Setu Bandhasana eleva os quadris e alonga várias partes do corpo, melhorando a circulação de oxigênio.

Por outro lado, diz-se que a técnica de respiração alternada pelas narinas, Nadi Shodhana, limpa canais de energia bloqueados e ajuda os fumantes a se tornarem mais conscientes de quaisquer problemas respiratórios que possam ter. A respiração alternada baseada em ioga durante um mês melhorou significativamente os parâmetros cardiorrespiratórios de 100 jovens adultos saudáveis.

Leia também: O que é Yoga?

Desafios e Dicas para Professores de Yoga Recém-Formados

 

Āsana na Yogaterapia: conheça os benefícios do Yoga

Āsana significa “assento” e, em seu uso mais antigo, refere-se a posturas sentadas para meditação. A importância da postura apropriada para a meditação é enfatizada em todas as principais tradições da espiritualidade indiana, começando com as escrituras budistas e jainistas de 500 AC. Um dos primeiros usos da palavra āsana como postura correta para meditação é do Bhagavad Gita de aproximadamente 300 AC.

O uso da palavra āsana nos Yoga Sutras de Patanjali está claramente relacionado às posturas sentadas para meditação mas, como veremos, é apresentada uma filosofia de āsana que abrange toda a tradição da prática de āsana.

Embora āsana como assento para meditação seja o uso mais comum, há uma tradição anterior de postura como veículo para transformação espiritual nas austeridades dos antigos ascetas conhecidos coletivamente como Śramaṇas, que remontam ao tempo dos primeiros Upanishads de 3.000 anos atrás. Embora esses ascetas normalmente mantivessem uma única postura em vez de uma variedade de posturas que evoluíram posteriormente, a intenção de queimar o karma e desenvolver força para alcançar a liberdade espiritual está claramente relacionada à intenção do Hatha Yoga.

É importante notar que o grupo de āsanas considerados originais é composto pelas posturas em pé, incluindo o Triângulo e muitas das variações do Herói, que podem ter influências da ginástica ocidental, bem como das artes marciais indianas. Também é claro que as posturas foram evoluindo ao longo da história do āsana e nunca houve um consenso absoluto sobre o que constituía um autêntico āsana. Talvez o melhor guia para o autêntico āsana não seja a forma da postura, mas a forma como ela é praticada, incorporada nos três sutras sobre o assunto fornecidos por Patanjali.

Āsanas nos Sutras

Embora se refiram a posturas sentadas para meditação, os três sutras sobre āsana dentro dos Yoga Sutras incorporam uma filosofia completa para a prática de todas as posturas de Yoga.

2.46 sthira sukham āsanaṁ

Āsana é uma postura estável e confortável.

Estas palavras sthira, constante e estável, e sukham, confortável, tranqüilo e agradável estão relacionadas a abhyasa, prática e vairaygya, desapego do Sutra 1.12. Eles também podem simbolizar a Yogaterapia relativa na forma de técnica e a Yogaterapia absoluta como a jornada de reconhecimento de nosso verdadeiro ser, inerentemente inteiro e completo.

 

2.47 prayatna śaithilyā ‘nanta samāpattibhyāṁ

(Obtido por) liberar esforço e tensão para se fundir com o infinito.

O segundo sutra apresenta a metodologia para alcançar esta postura; todo esforço e tensão são liberados, permitindo-nos fundir com o infinito, Ananta, que é nosso Ser interior ilimitado e fundir-se com o infinito.

 

2.48 tato dvandvā ‘nabhighātaḥ

Assim, invencibilidade, imunidade aos pares de opostos (é alcançada).

O terceiro sutra apresenta o benefício obtido com a postura estável e confortável, que é a invencibilidade em relação aos pares de opostos, todas as polaridades que caracterizam o reino de prakr̥ iti.

 

Os benefícios do asana na saúde e na cura 

  1. Cria um equilíbrio entre força, estabilidade e flexibilidade

A prática de Āsana otimiza o funcionamento dos ossos, articulações, músculos e fáscias como um sistema integrado, permitindo movimentos saudáveis para todas as faixas etárias. 

Isso é especialmente importante em relação à coluna vertebral, onde Āsana, praticado adequadamente, mantém a integridade das vértebras enquanto nutre os discos espinhais.

Exercício: Pratique aquecimentos na posição da Mesa (Sandharasana 11), incluindo Gato/Vaca (Marjariasana – 11) e depois os Alongamentos do Tigre (Chakoravakasana -12b), segurando o Tigre com a perna levantada, seguido do Pássaro do Sol (Chakoravakonasana – 12)  para experimentar um equilíbrio de força, estabilidade e flexibilidade.

 

  1. Fortalece o sistema esquelético colocando pressão sobre os ossos em todas as direções 

Os ossos se desenvolvem e mantêm a densidade em parte por meio do estresse colocado sobre eles de vários ângulos. Āsana é único em colocar forças sobre os ossos tanto horizontal quanto verticalmente. As posturas de Yoga também fortalecem os ligamentos e o tecido conjuntivo, além de melhorar a circulação para os ossos.

Exercício: A) para os braços. Pratique a postura da Prancha (Chaturanga Dandasana – 13), seguida da Esfinge (Purushamrigasana -37), postura do Infinito (Anantasana – 49) e braços da Águia (Dhyana Virasana) para sentir a pressão exercida sobre os ossos de vários ângulos.

B) para as pernas e pélvis. Pratique Herói Sentado (Virasana-27), Camelo (Ustrasana-44), Herói Reclinado  (Supta Virasana-45), Águia Reclinada (Garudasana-63).

 

  1. Otimiza o funcionamento do coração e do sistema circulatório

Āsana produz um efeito de compressão e imersão em todas as artérias e veias, contraindo-as totalmente e depois relaxando-as completamente. As posturas de Yoga também exercitam o coração aumentando a pressão sanguínea, seguido de relaxamento completo que suporta a variabilidade da frequência cardíaca, a capacidade do coração de responder às mudanças no ambiente interno e externo de forma rápida e suave para atender às necessidades percebidas. 

As posturas invertidas ajudam a regular a pressão sanguínea, exercitando os barorreceptores nas artérias carótidas e melhorando a circulação na cabeça, rosto e cérebro.

Exercício: A) Pratique a Face de Vaca (Gomukhasana – 23) com os braços na posição da Águia (Dhyana Virasana). Pressione os braços e as pernas juntos com força, depois solte e deite-se com o corpo em uma posição “X”, sentindo a circulação aumentada nas extremidades.

  1. B) Pratique a postura do Gafanhoto ou Meio Gafanhoto (Shalabhasana – 39), permitindo que a frequência cardíaca e a pressão sanguínea subam para o nível máximo de conforto. Descanse na postura da Criança  (Garbhasana – 52) e sinta a rapidez com que a frequência cardíaca e a pressão arterial se ajustam.
  2. C)  Entre na posição da Vela (Sarvangasana – 71) e sinta a leve ativação do sistema cardiovascular para bombear sangue para as pernas e pés. Sinta também o aumento da circulação na cabeça, rosto e cérebro.

 

  1. Otimiza o funcionamento do sistema respiratório

Āsana fortalece e alonga os músculos da respiração, mantendo a elasticidade no tecido pulmonar.

Exercício A) Cabeça ao Joelho em Torção (Parivritta Janushirshasana-55) para sentir a abertura dos pulmões em cada lado. Acentue os efeitos praticando Anuloma Krama pranayama na parte superior. Além disso, contraia ativamente os músculos da caixa torácica na parte inferior do corpo.

  1. B) Pratique a Postura Restauradora da Cobra (Bhujangasana-38)  com uma almofada apoiando o peito. Abra totalmente a frente da cavidade torácica, enquanto contrai todos os músculos na parte de trás da caixa torácica. 
  2. C) Pratique a postura do Coelho (Shashangasana – 53) abrindo totalmente as costas do corpo e o espaço entre as omoplatas, enquanto contrai totalmente a caixa torácica na frente do corpo.

  1. Otimiza o funcionamento dos sistemas digestivo, eliminatório, urinário e reprodutivo

Āsana proporciona uma massagem direta nas zonas abdominal e pélvica, promovendo a circulação e libertando as constrições musculares e psicoemocionais do abdômen e da pélvis. 

Exercício: A). Pratique Bhunaman Vajrasana para sentir os efeitos em todos os órgãos da região pélvica. Relaxe em savasana e permita que a área pélvica receba um novo suprimento de sangue.

  1. B) Pratique Torção Deitada sobre o Abdômen (Jathara Parivartanasana–34) para sentir a massagem nas áreas abdominal e pélvica.
  2. C) Pratique a postura da Ponte (Setubandhasana-42) apoiada com um bloco para sentir a liberação de tensão e melhorar a circulação na pelve e no abdômen, seguida pela postura do Joelho ao Peito (Apanasana-19).

 

  1. Otimiza o funcionamento dos sistemas linfático e imunológico 

A linfa transporta uma variedade de anticorpos e glóbulos brancos especializados projetados para combater doenças, fluindo através dos gânglios linfáticos que filtram bactérias, corpos estranhos e tecidos mortos. Seu funcionamento ideal é, portanto, essencial para um sistema imunológico saudável. 

O sistema linfático depende da gravidade, bem como da contração dos músculos adjacentes para espremer o fluido através de seus vasos. Muitos āsanas espremem e esticam os tecidos ao redor dos aglomerados de linfonodos no pescoço, axilas e virilhas para promover um sistema linfático saudável e aumentar a imunidade.

A contração e liberação da musculatura das pernas apoia o movimento da linfa e a contração e massagem interna da região abdominal também é importante. Além disso, as inversões auxiliam nesse processo de retorno da linfa aos rins, onde as toxinas são filtradas pela urina. O funcionamento do sistema imunológico também é otimizado pelo equilíbrio aprimorado no sistema nervoso autônomo cultivado pelo Yoga como um todo.

Exercício: A. Pratique a Face de Vaca (Gomukhasana – 23), seguida pela variação da Face de Vaca com os braços cruzados na frente do corpo, curvatura lateral da Face da Vaca, torção da Face da Vaca, inclinação da Face da Vaca para a frente.

  1. Pratique Animal em Relaxamento (Shaitilyasana-25a) com movimentos de golfinho. Em seguida, segure a postura com a respiração Kapalabhati.
  2. Meia Postura da Vela (Sarvangasana-71) com as pernas em Águia (Garudasana-63)
  3. Ângulo Lateral em Rotação (Parivritta Parshvakonasana-8)
  4. Herói Reclinado (Supta Virsana – 45)

 

  1. Otimiza o funcionamento do sistema endócrino

Os āsanas massageiam diretamente os locais dos órgãos endócrinos, liberando a tensão muscular dessas áreas e otimizando a circulação. O funcionamento do sistema endócrino também é otimizado pelo equilíbrio no sistema nervoso autônomo, que é otimizado pela prática de āsana.

Exercício A) Pratique a postura do Coelho (Shashangasana – 53) para sentir os efeitos nas glândulas pineal, pituitária, tireóide, adrenal e pancreática.

  1. B) Pratique a postura do Peixe (Matsyasana – 46) para estimular as glândulas com o tronco na direção inversa.
  2. C) Pratique o Meia Roda em Rotação (Ardha Mandalasana – 50b) ou o Triângulo em Rotação (Parivritta Trikonasana – 9)  para sentir a massagem de todo o sistema endócrino.

  1. Otimiza a saúde do cérebro e do sistema nervoso central 

Através do aumento da consciência corporal, circulação ideal e redução da tensão muscular e psicoemocional, os āsanas apoiam a saúde do cérebro e do sistema nervoso. As inversões auxiliam na circulação para o cérebro, bem como o funcionamento dos barorreceptores, os mecanismos que controlam o fluxo de sangue e nutrientes para o cérebro. Os movimentos alternados da coluna suportam o movimento do fluido espinal cerebral dentro da medula espinhal. 

A propriocepção exigida em todas as posturas mantém o funcionamento do sistema nervoso periférico que envia e recebe mensagens de todo o corpo, principalmente das extremidades.

Exercício A): Pratique a Flexão para a Frente  em pé com as pernas abertas (Gesto do Yoga – Yoga mudrá – 54c)  e sinta a circulação aumentada no rosto e no cérebro e o efeito regulador dos barorreceptores.

Exercício B) Pratique a Meia Lua em Equilíbrio (Tulatta Ardha Chandrasana – 64) e sinta o fluxo ideal de mensagens de e para o cérebro e a medula espinhal para todas as áreas do corpo, especialmente as extremidades. 

Exercício C) Pratique Gato/Vaca (Marjariasana – 11), Gato Lateral e Torção da Mesa (Sandharasana 11) em sincronia com sua respiração enquanto visualiza o fluido espinhal cerebral lubrificando toda a medula espinhal e o cérebro.

 

  1. Otimiza o funcionamento dos sentidos 

Os āsanas liberam a tensão muscular dos ombros, rosto, pescoço e mandíbula, otimizando o funcionamento ideal dos sentidos.

Exercício A: Pratique Yoga Mudrá (54) com o topo da cabeça no chão para sentir a circulação aprimorada para os sentidos.

B: Pratique a postura do Leão para liberar a tensão do rosto e da mandíbula.
C: Pratique aquecimento do pescoço para liberar a tensão do pescoço.
D: Pratique exercícios para os olhos para liberar a tensão e melhorar a circulação.

 

  1. Melhora e mantém o equilíbrio 

Asanas, especialmente as posturas de equilíbrio, otimizam o equilíbrio saudável através da ativação dos receptores de equilíbrio nos pés com uma variedade de posturas de sustentação de peso em vários planos de movimento. Isso é especialmente importante para idosos que podem sofrer lesões graves e até fatais devido a quedas.

Exercício A) Pratique a postura da Cegonha (Uttanasana) com suas variações de rotação interna e externa.

B: Pratique a postura modificada do Herói III ( Virabhadrasana III – 65) com as mãos em posição de oração.
C: Pratique a pose de Equilíbrio da Meia-Lua (Tulatta Ardha Chandrasana – 64) modificada com o braço apoiado ao lado do corpo, conforme necessário.

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  1. Otimiza o funcionamento do Sistema Nervoso Autônomo, melhorando a capacidade de lidar com o estresse de forma eficaz

O Sistema Nervoso Autônomo (SNA) tem duas ramificações. O ramo parassimpático é responsável pelo relaxamento e regeneração dos principais órgãos e sistemas do corpo. O ramo simpático é responsável por liberar a energia necessária para todas as atividades. O equilíbrio desses dois é essencial para a saúde de todos os sistemas do corpo.

A resposta ao estresse é mediada pelo sistema nervoso autônomo juntamente com o sistema endócrino. Juntos, eles produzem a energia necessária para a vida diária com energia extra fornecida em caso de emergência. Esse equilíbrio nos permite relaxar e restaurar completamente quando a energia não é necessária. 

Um componente principal do SNA é o nervo vago, o nervo mais longo do corpo, cujas principais conexões com a medula espinhal estão no pescoço e no trato digestivo. O nervo vago provoca a resposta de relaxamento em todos os principais sistemas do corpo, incluindo circulatório, respiratório e digestivo. É o principal canal de comunicação entre o sistema nervoso entérico no abdômen e o cérebro. Inibe os efeitos da resposta ao estresse ativada pelo ramo simpático e otimiza a saúde do sistema imunológico.

Os Āsanas regulam o SNA e, subsequentemente, a resposta ao estresse de muitas maneiras importantes, incluindo:

  • Os Āsanas massageiam o nervo vago diretamente, especialmente na área do pescoço e do sacro, aumentando o tônus vagal.
  • Os Āsanas massageiam e aumentam a circulação nos órgãos que medeiam a resposta ao estresse, incluindo as glândulas endócrinas, especialmente a tireoide e as supra-renais.
  • Os Āsanas liberam a tensão da musculatura em todas as áreas do corpo, especialmente no pescoço, ombros e braços, áreas que são especialmente ativas na resposta de luta ou fuga, desativando essa resposta.
  • Os Āsanas cultivam resistência ao estresse, a capacidade de manter a postura na vida diária, indo além da resistência psicoemocional ao manter as posturas de Yoga.
  • Āsanas ensinam a capacidade de passar da tensão para o relaxamento rápida e voluntariamente.
  • Os Āsanas liberam a tensão da face e da mandíbula, especialmente da articulação temporomandibular (ATM), o que auxilia na redução da resposta ao estresse.
  • Os Āsanas liberam a tensão psicoemocional do peito e da pelve, onde a tensão psicoemocional que sustenta a resposta ao estresse é mantida.

Exercício A) Pratique a postura da Montanha (Tadasana – 1) por um longo período, movendo-se suavemente além de seus limites para desenvolver resistência ao estresse.

B) Pratique Cachorro olhando para baixo (Adho Mukha Svanasana – 14) com uma perna no ar para Pombo  (Kapotasana -25) e depois descanse na postura da Criança (Garbhasana 52), sentindo o aumento do tônus vagal.
C) Pratique a postura da Ponte (Setubandhasana – 42) apoiada com um bloco sob a pelve, concentrando-se na liberação da tensão psicoemocional do peito e da área pélvica.
D) Pratique a Flexão da Borboleta (Baddha Konasana – 22), usando cada expiração para se aprofundar na postura, relaxando a tensão física e psicoemocional dos quadris e da pelve.

E) Pratique a postura do Leão para liberar a tensão da mandíbula.

F) Pratique Face de Vaca (Gomukhasana – 23) com variações para liberar a tensão dos ombros, braços, quadris e pernas.

G) Pratique uma torção sentada de um lado para o outro, permitindo que os olhos se movam na direção oposta da cabeça com foco no nervo vago craniano.

H) Faça movimentos somáticos de liberação do trapézio com foco no nervo vago craniano. I) Pratique a pose do Bebê Feliz com Asvini mudrá com foco no nervo vago pélvico.

J) Pratique Agni Sara Kriya para liberar o diafragma com foco no nervo vago pélvico.

K) Pratique a postura do Peixe (Matsyasana – 46) seguida da postura do Coelho (Shashangasana – 53), concluindo com a postura da Criança  (Garbhasana 52) com um abraço para liberar a tensão das glândulas supra-renais e da tireoide.

L) Pratique o Sábio Marichi em Torção (Parivritti Marichyasana – 33), entrando mais profundamente na torção a cada inspiração, sentindo a liberação da tensão, especialmente nos quadris e ombros.

Por Joseph Le Page
Professor e cofundador do método Yoga Integrativa

Namastê!

Movimentos Somáticos, o que são?

A palavra Somáticos vem da palavra grega “soma”, que quer dizer “a experiência do corpo experimentado de dentro.”

Esta palavra foi adaptada por Thomas Hanna para descrever movimentos do corpo sentidos com alto grau de propriocepção.

As abordagens de Thomas Hanna são baseadas em técnicas fisioterapêuticas e estudos de pesquisa neurológicas de Hans Selye e Moshe Feldenkrais. Ele combinou ambas as disciplinas médicas em um método de terapia corporal holístico. Selye era um dos primeiros estudiosos dos efeitos de estresse e os danos que causa no corpo. Feldenkrais era engenheiro nas forças armadas Britânicas.

Ele ficou lesionado na segunda guerra mundial e recebeu o diagnóstico que não poderia mais caminhar. Então, começou a estudar tudo sobre a Fisiologia, Neurologia e Biomecânica do movimento para sua própria cura. As suas experiências centralizadas no conceito de que os sistemas musculoesqueléticos e nervosos poderiam ser reeducados deram origem ao Método Feldendkrais.

Leia também: Meditação dos 5 Elementos

Hanna desenvolveu um tratamento de terapia corporal para tensões musculares crônicas, traumas profundos e estados agudos de tensão. Para ele, essas doenças não representam a degradação da estrutura corporal relacionada à idade, mas sim, desequilíbrios no funcionamento sensorial do corpo. 

Amnésia Sensorial

Segundo Hanna, quando o corpo sofre traumas musculoesqueléticos, ele assume comportamentos inadequados e muitas vezes dolorosos, armazenados inconscientemente, como se fosse normal. Hanna usa o termo “amnésia sensorial”, se referindo ao esquecimento do funcionamento correto de um músculo dentro do sistema nervoso. Um exemplo de amnésia sensorial seria a postura com a cabeça e os ombros inclinados para frente que uma pessoa desenvolve passando muito tempo sentada em frente ao computador. Depois de um tempo, o corpo considera esta posição como normal, mesmo ocasionando dores, tensões e desconfortos.

A solução para essas adaptações inadequadas é reeducar o sistema nervoso. Essa reeducação acontece através do aumento proprioceptivo, sentindo o corpo da forma mais nítida, de dentro para fora. A propriocepção é estimulada pelo meio de movimentos mais lentos e conscientes, fazendo todos os movimentos como se estivéssemos aprendendo pela primeira vez.

 

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Setembro Amarelo - Prevenção ao Suicídio

Setembro Amarelo – Prevenção ao Suicídio

Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, organiza, em território nacional, o Setembro Amarelo®. 

O movimento é a maior campanha anti estigma do mundo! Em 2022, o lema é “A vida é a melhor escolha!” e diversas ações já estão sendo desenvolvidas. 

 

O suicídio é uma triste realidade que atinge o mundo todo. De acordo com a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde – OMS em 2019, são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os episódios subnotificados, pois com isso, estima-se mais de 01 milhão de casos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia. 

 

Embora os números estejam diminuindo, sabe-se que praticamente 100% de todos os casos de suicídio estavam relacionados às doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. Dessa forma, a maioria dos casos poderia ter sido evitada se esses pacientes tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e informações de qualidade. 

 

Se informar para aprender e ajudar o próximo é a melhor saída para lutar contra esse problema tão grave. É muito importante que as pessoas próximas saibam identificar que alguém está pensando em se matar e a ajude, tendo uma escuta ativa e sem julgamentos.

 

A prática de yoga é indicada para reduzir sintomas de ansiedade e depressão, que estão associados ao pensamento suicida. 

 

Fonte: https://www.setembroamarelo.com/

 

 

Relaxamento profundo para controlar o medo e a ansiedade

O YOGA NIDRA É UMA TÉCNICA QUE ENVOLVE COMPLETAMENTE A MENTE NOS SENTIDOS E NO MOMENTO PRESENTE, DENTRO DO CORPO, O QUE FACILITA O RELAXAMENTO.* QUER EXPERIMENTAR? OFERECEMOS UMA PRÁTICA GUIADA!

Em tempos de corona vírus, estar saudável, tranquilo e em controle da própria ansiedade tornou-se cada vez mais uma prioridade em nossas vidas. O Yoga Nidra, que significa, literalmente, sono yóguico é uma técnica milenar que facilita a chegada a um estado de relaxamento profundo, que auxilia na redução do o estresse e da ansiedade.

O Yoga Nidra é um processo composto de várias etapas, que visa à integração entre corpo, mente e espírito. A sua raiz vem da tradição tântrica, cuja forma original era chamada de Nyasa, que significa “colocar”.

No Tantra, o corpo físico é transformado num veículo sagrado para a espiritualidade, e na prática tântrica busca-se um envolvimento total do indivíduo e todos os seus sentidos nesse processo de transformação espiritual.

No Yoga Nidra, a mesma abordagem de utilização de todos os nossos canais de comunicação – tato, percepção, visão, audição, fala e o sentido cinestésico do movimento – é uma parte importante para induzir o relaxamento.

Ao guiar a atenção do praticante por cada parte do corpo, o resultado é uma total ocupação da mente no processo de Yoga Nidra, dando espaço para que uma redução, ou eliminação, de padrões habituais de opinião e pensamento aconteça.

A redução desses padrões limitantes de pensamento é um elemento chave no processo de relaxamento assim como no processo geral de cura.

O relaxamento e estímulo são governados pelo sistema nervoso autônomo. O sistema nervoso parassimpático governa o relaxamento e a regeneração, enquanto o sistema nervoso simpático governa o estímulo e a resposta de luta ou fuga.

A resposta de luta ou fuga pode ser provocada por uma ameaça real ou por padrões habituais de pensamento existentes na mente. Esses padrões de pensamento podem ser inconscientes, como no caso de ansiedade, onde há um sentimento generalizado de medo e de ameaça.

Ao envolver, totalmente, a mente nos sentidos, no momento presente e dentro do corpo, a atividade do sistema nervoso simpático pode ser reduzida e o relaxamento finalmente acontece.

Em termos de cura, o Yoga Nidra oferece um outro benefício importante – a mente consciente funciona como uma guardiã dos níveis mais profundos do subconsciente e do inconsciente do nosso ser.

Ao envolver todos os canais de comunicação, o Yoga Nidra mantém a guardiã ocupada e permite que as mensagens de cura enviadas, através das afirmações do Yoga Nidra, alcancem a mente subconsciente e inconsciente.

 

Quer experimentar um Yoga Nidra? Abaixo a nossa querida professora Cássia Dayrell Caixeta, coordenadora do curso de Formação de Professores de Yoga Integrativa no Centro de Yoga Montanha Encantada, nos guia por uma jornada de relaxamento profundo.

A prática tem duração de aproximadamente 30 minutos. Encontre um momento do dia tranquilo e espaço silencioso para praticar. Pode praticar também antes de dormir.

Deite-se numa posição confortável, de barriga para cima, com os braços ao longo do corpo e com as palmas das mãos voltadas para cima. Se precisar, coloque uma almofada debaixo dos joelhos para suavizar a lombar.

 

 

 

*Texto adaptado da apostila do curso “Expandindo os seus Horizontes como Professor de Yoga” – Capítulo sobre Yoga Nidra

Yogaterapia para a Saúde do Coração

O Coração Saudável é um programa de Yoga e Saúde desenhado especialmente para pessoas hipertensas, com problemas cardíacos e diabetes tipo 2.

O Programa vem sendo oferecido gratuitamente desde 2006 em diversos centros comunitários da cidade, através de uma parceria entre o Centro Montanha Encantada, sede do Instituto Yoga Integrativa – Organização Não-Governamental, e a Secretaria de Saúde de Garopaba/SC, como uma atividade do PSF – Programa de Saúde da Família. Nos 02 últimos anos vêm sendo oferecido em 03 comunidades por semestre.

As Comunidades já contempladas pelo Programa são as dos bairros: Encantada, Centro, Limpa, Ressacada, Grama, Areias da Palhocinha, Ambrósio, Areias de Macacu, Costa do Macacu, Morro do Fortunato e Siriú.

O Programa Coração Saudável também vem sendo oferecido no Hospital Universitário da UFSC, em Florianópolis/SC, há 3 anos.

A Prática com Mudras e Afirmações

Um destaque central deste programa é o uso de Mudras, ou gestos com as mãos, acompanhados de afirmações específicas. Os alunos praticam uma seqüência de mudras e afirmações no início da aula de Yoga, entre as posturas e no final da aula. Inicialmente, os mudras são mantidos de 5 a 10 respirações. No Programa Coração Saudável, os seguintes mudras e afirmações são utilizados:

1. Vyan Mudra: ajuda a reduzir a pressão sanguínea. Junte a ponta do polegar com a dos dedos indicadores e médios. Os outros dedos ficam estendidos. As costas das mãos descansam sobre as coxas. Afirmação: “Minha pressão sanguínea está diminuindo”.

2. Mahasirs Mudra: alivia a tensão e a pressão na cabeça. O gesto é similar ao Vyan Mudra, mas com o dedo anular dobrado, tocando a palma da mão. As costas das mãos descansam sobre as coxas. Afirmação: “Toda a pressão em minha cabeça, pescoço e ombros está se dissolvendo”.

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3. Chinmaya Mudra: Ativa a respiração profunda no baixo abdômen, acalmando o corpo e a mente. Feche a mão em punho, juntando a ponta do polegar com a do indicador. As costas das mãos descansam sobre as coxas. Afirmação: “Estou calmo(a) e em paz.”

4. Adhi Mudra: Reduz a ansiedade, gerando estabilidade e aterramento. Coloque o polegar dentro da palma da mão e abrace o polegar com os outros dedos. As palmas das mãos, viradas para baixo, descansam sobre as coxas. Afirmação: “Estou completamente seguro(a)”.

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5. Budhi Mudra: Traz uma sensação de tranqüilidade e frescor. Cria flexibilidade no corpo-mente. Junte a ponta do polegar com a ponta do dedo mínimo e estique os outros dedos. As costas das mãos descansam sobre as coxas. Afirmação: “Sou flexível em meu corpo e em minha mente”.

6. Vajrapradama Mudra: Aumenta a auto-confiança e abre o coração. Entrelace os dedos das mãos como mostra a foto e posicione as palmas das mãos em frente ao coração. Os cotovelos ficam afastados das laterais do tronco. Afirmação: “Tenho plena confiança em mim e na vida”.

7. Padma Mudra: Abre o coração. Com a base das palmas das mãos unidas, junte os polegares e os dedos mínimos, os outros dedos ficam esticados, se abrindo como uma flor de lótus em frente ao coração. Afirmação: “Meu coração está repleto de amor”.

8. Anjali Mudra: Traz calma e centramento. Junte as palmas das mãos em prece em frente ao coração. Afirmação: “Tudo está perfeitamente bem”.

Yoga Nidra

Uma outra ferramenta importante do Programa Coração Saudável, da Yogaterapia Integrativa, é a utilização de Yoga Nidra devidamente desenhada para as necessidades específicas dos pacientes hipertensos e cardíacos. O Yoga Nidra é um processo de dez passos que promove o relaxamento profundo e a integração da pessoa. Esta prática tem a duração aproximada de trinta minutos. Neste programa, durante os primeiros encontros, o Yoga Nidra é feito na posição sentada sobre a cadeira, de maneira a ir orientando os alunos gradualmente antes que possam fazer a prática na posição deitada, de costas no chão. O objetivo fundamental desta prática de Yoga Nidra é facilitar o relaxamento profundo de forma progressiva, gerando descontração da musculatura, tranquilidade mental, sensação de segurança e auto-estima interior. A seguir, exemplificamos uma destas práticas:

1. Relaxamento Inicial

a. Relaxe o corpo, parte por parte.

b. Contraia e relaxe cada parte do corpo com uma contração inicial de 20%, depois 10%, e finalmente 5%.

c. Sinta o nível de relaxamento e aprofunde-o.

2. Sankalpa ou Afirmação – cada um dos alunos cria uma afirmação de cura e a repete mentalmente por três vezes.

3. Rotação de Consciência – o professor guia os alunos por cada parte do corpo em detalhe, num ritmo moderado, para que se sinta cada parte do corpo pesada, quente e completamente relaxada. Os alunos também visualizam uma cor relaxante e a transportam para cada parte do corpo.

4. Consciência Respiratória – os alunos experimentam o movimento da respiração e o fluxo de energia por todo o corpo, percebendo o movimento ascendente na inalação através das solas dos pés e das palmas das mãos até o topo da cabeça, e então o movimento descendente na exalação do topo da cabeça até as palmas das mãos e solas dos pés, soltando e liberando todo o estresse e as tensões, aquecendo as extremidades.

5. Emoções Positivas – O professor menciona uma seqüência de sentimentos positivos, tais como paz, contentamento, alegria, relaxamento, etc., e pede aos alunos para que experimentem esses sentimentos no corpo, um de cada vez, repetindo silenciosamente “Paz… Paz… Paz”; “Alegria… Alegria… Alegria”, etc.

6. Imagens Positivas – O professor pede aos participantes para imaginarem uma tela em frente à testa, e guia os alunos numa visualização de imagens e cenas, tais como um campo com flores silvestres, um lindo e tranquilo lago, montanhas cobertas de neve, etc.

7. Jornada Interior – A imagem final é a de um jardim repleto de flores. Os alunos veem-se neste local completamente calmos, relaxados e em paz. Eles então visualizam uma flor no centro do coração, percebem esta flor começando a se abrir, e se sentem inundados de amor e cura.

8. Energia Curativa – Este amor percorre todas as veias e artérias do corpo, levando o relaxamento para o interior das artérias e para o próprio coração, fazendo com que a circulação sanguínea fique mais lenta, tranquila, regular, relaxada e equilibrada.

9. Sankalpa e Retorno – Neste estado de equilíbrio e relaxamento profundo, os alunos repetem mentalmente por mais três vezes a mesma afirmação de cura feita no início da prática, e gradualmente vão sendo guiados para o final da jornada de Yoga Nidra, quando voltam a visualizar o ambiente onde se encontram, começando lentamente a movimentar o corpo.

10. Meditação Final – Os alunos lentamente viram-se sobre o lado direito do corpo e retornam à posição sentada para uma breve meditação, na qual visualizam a mesma flor curativa, na certeza de que poderão sempre retornar a esse jardim de cura.

A ativação da resposta ao estresse

O sistema nervoso autônomo juntamente com o sistema endócrino evoluíram num ambiente em que o medo da morte por um predador ou tribo inimiga era o principal ativador da resposta de estresse. A resposta de “fuga ou ataque” funcionava perfeitamente naquele cenário e época, e a evolução humana escolheu adaptações que foram cada vez mais bem-sucedidas em termos de sobrevivência.

Entretanto, agora, parece que estamos em um momento da nossa evolução que nos exige a capacidade de acessarmos áreas de nosso potencial que vão além da resposta “fuga ou ataque”.

Os seres humanos vivem agora em ambientes complexos nos quais a cultura, a sociedade e a experiência individual criam um conjunto de sistemas de crença que determina a nossa percepção de ameaça e segurança. Os tipos de ameaças que experimentamos são em relação à nossa auto-imagem, nossos relacionamentos, nossas crenças e conceitos e nossos gostos e aversões.

Basicamente, o que está sendo ameaçado é nosso sentido de Unidade na forma de todas as condições externas que o compõem, desde a segurança física à autoestima.

Agora que o homem mudou para um mundo altamente complexo de raciocínio simbólico, a resposta de “fuga ou ataque” já não nos serve mais da mesma forma que serviu aos nossos ancestrais. A resposta de “fuga ou ataque” não é adequada aos tipos de estresse que enfrentamos em nossa cultura:

– estresse contínuo no trabalho,

– questões econômicas,

– sentido da vida,

– baixa autoestima,

– solidão ou isolamento,

– relacionamentos.

Esse dilema no qual a resposta de “fuga ou ataque” é ativada repetidamente, mas sem o alívio e recuperação necessários resulta no estresse crônico.

A resposta de “fuga ou ataque” não foi feita para uso contínuo, e podemos esperar suas consequências quando agimos contra a natureza:

o sistema psico-físico começa a desmoronar, resultando em enfermidade. As enfermidades relacionadas ao estresse são uma epidemia em nossa sociedade, e essa doença é a forma que o corpo encontra de nos lembrar que estamos fora de equilíbrio e desconectados das leis da natureza.

O YOGA COMO VEÍCULO PARA RESTABELECER O SENTIDO DE UNIDADE

Os seres humanos podem se encontrar agora em encruzilhadas que podem servir como oportunidades para acessar outras áreas de nosso potencial que oferecem soluções para o estresse. O Yoga é o veículo que nos abre para esse potencial. Através do Yoga aprendemos que o estresse é o resultado de percepções baseadas em padrões habituais de pensamento e resposta, dos quais podemos nos tornar conscientes. O Yoga nos oferece uma nova forma de encarar a vida na qual vemos a nós mesmos como parte integral da vida como um todo, ao invés de um indivíduo lutando para preencher suas necessidades.

À medida que nos conectamos com a Unidade básica dentro de nós, a realidade se torna uma aliada, ao invés de um adversário. A partir dessa visão macro cósmica da vida, podemos trabalhar até o nosso potencial pleno, como uma resposta natural ao nosso papel no desenvolvimento evolucionário global, ao invés de ir de encontro exclusivamente de nossas necessidades individuais. À medida que nosso sentido de Consciência de Unidade se desenvolve, nos damos conta que o ser que se tornou estressado, tentando satisfazer suas necessidades externamente, não é de forma alguma aquele que realmente somos.

Yoga é a tecnologia para descobrir essa verdadeira experiência de nós mesmos e da realidade. Yoga trabalha com o estresse num sentido bem mais amplo do que apenas reduzir os seus sintomas; a redução de estresse é um subproduto de uma nova maneira de ver o mundo e a nós, a qual está alinhada com as leis da natureza, ao invés de ir na direção contrária a elas, sendo, portanto, mais equilibrada e menos estressante.

O Yoga gerencia o estresse em vários níveis:

• Yoga reduz o estresse no corpo físico e aumenta a consciência da conexão corpo-mente.

• Yoga traz uma consciência de um maior potencial de equilíbrio em nossas vidas, que podemos não ter vislumbrado antes.

• Yoga traz uma consciência da tensão criada pelo desequilíbrio dentro de nossos corpos, e nos dá técnicas concretas para reduzir a tensão.

• Yoga dá maior consciência ao nosso relacionamento com os diversos aspectos de nós mesmos, com os outros e com a vida. À medida que começamos a explorar esses relacionamentos mais cuidadosamente, usando a consciência testemunha, somos capazes de ver quais interações nos sustentam genuinamente em nosso movimento em direção à Unidade, e quais criam maior dor e sofrimento através da separação.

• Yoga traz maior consciência dos bloqueios psicoemocionais que limitam nossa experiência de vida. Nossa percepção da vida tem sido condicionada pelas nossas experiências e, às vezes, para evitar a dor, nos fechamos para nos protegermos de nossas sensações e emoções. Através das ferramentas que o Yoga nos oferece, aprendemos a tomar consciência de todas as partes de nós mesmos, com a compreensão de que é através dessa integração de todas os diferentes aspectos que chegamos a um equilíbrio natural.

• Finalmente, o Yoga abre a porta à experiência direta da Consciência de Unidade na qual não há separação e, portanto, não há estresse.

Krishna, o Yogaterapeuta

A VISÃO DA YOGATERAPIA NO BHAGAVAD GITA* – PARTE 1

No Bhagavad Gita, Krishna e Arjuna desempenham papéis bastante distintos. Analisando de um ponto de vista da Yogaterapia, Krishna é o Yogaterapeuta e Arjuna o paciente que sofre de depressão.

O tema das emoções surge no início do Bhagavad Gita, no segundo capítulo, onde Arjuna passa quase que um capítulo inteiro expondo o seu sofrimento extremo. Basicamente, Arjuna estava bastante deprimido, e Krishna passa bastante tempo como ele nessa primeira fase, escutando, deixando que Arjuna desabafe e fale tudo que tem para falar. Mas chega um certo ponto em que Krishna precisa dizer à Arjuna o que ele precisa ouvir e é quando percebemos o papel de Yogaterapeuta de Krishna no Bhagavad Gita.

Podemos notar que Krishna segue o processo de Arjuna e respeita o seu ritmo de aprendizado. Ele é capaz de ser um amigo para Arjuna e ainda manter o seu papel como professor e terapeuta.

Krishna diz para Arjuna: “O sábio não fica triste nem pelos mortos nem pelos vivos”. Também é dito no Gita que nunca você deve reprimir as emoções, quando  está sentindo alguma coisa, que deve expressar as emoções de forma adequada. Krishna fala que quanto aos gunas, você não pode regulá-los, é necessário senti-los. Assim sendo, Krishna não diz à Arjuna que ele não deveria ficar triste, ele diz que há um Ser maior iluminado para o qual a tristeza não existe.

Podemos notar que Krishna usa ferramentas de toda a tradição do Yoga. Ele tem uma vasta compreensão e traz para os seus ensinamentos aspectos do Raja Yoga, Bhakti Yoga, Jnana Yoga, Karma Yoga e Hatha Yoga. E ainda assim, a Yogaterapia de Krishna é flexível; Ele muda de uma modalidade para outra, como exige a situação de Arjuna.

Mesmo que Krishna seja Deus, Ele não cura Arjuna, mesmo quando ele assume sua forma Divina. Krishna está simplesmente despertando um processo de cura que já está presente em Arjuna.

Arjuna, então coloca-se na posição de aluno, de discípulo na busca deste Ser. É um tema complicado, complexo, e Krishna leva dezoito capítulos para explicar exatamente o que Ajurna precisa escutar e conhecer. Em essência, essa é diferença entre Psicoterapia e Yoga: O Yoga acredita num Ser que supremo, o Ser que existe em tudo o que existe, um Ser que não nasce e não morre.

Durante a jornada de cura de Arjuna, Krishna procura uma mudança de perspectiva em seu aluno que resultará em bem-estar nos níveis físico, psicológico e espiritual. Ele comunica a Arjuna que o processo de cura pelo qual ele está passando não é um processo isolado, mas uma parte integral da jornada de vida que envolve todos os aspectos de seu ser.

O caminho do Yoga nos conduz ao reconhecimento e estabelecimento neste Ser real. Tudo o que acontece com as nossas emoções serve para nosso aprendizado e amadurecimento e não para que nos identifiquemos com elas.

Interpretação de versos do Gita, segundo a visão da Yogaterapia

2.11 – Ashocyan anvashochastvam
prajnavadamshca bhashase
gatasun agatasumsca
nanushocanti panditah

Arjuna está sofrendo de depressão. Ele vê sua própria vida e o mundo como triste, sem esperança e sem sentido. Em um nível intelectual, Arjuna entende o caminho espiritual, mas ele é incapaz de aplicá-lo em sua própria vida. Krishna inicia a sua sessão de Yogaterapia com Arjuna, deixando-o saber que é necessária uma mudança de perspectiva; e através dessa mudança de perspectiva, ele obterá o autoconhecimento para ver que o problema e a solução estão dentro ele.

2.40 – Nehabhikramana shosti
pratyavayo na vidyate
svalpamapyasya dharmasya
trayate mahato bhayat

A Yogaterapia engloba toda o ser e toda a jornada da vida, ao longo da qual adquirimos sabedoria do corpo, mente e espírito. Arjuna está preocupado com o pouco conhecimento que tem, mas Krishna lembra que, na prática do Yoga, nenhum esforço é desperdiçado. Não há como voltar atrás, e um pouco de autoconhecimento pode nos proteger de grandes perigos. Aqui Krishna nos lembra que não é a iluminação que nos cura, mas a jornada de cura que é essencial. E ao longo desta jornada, devemos abrir essa porta para a cura que é mais apropriada.

2.48 – Yogasthah kuru Karmani
sangam tyaktva dhanamjaya
siddhyosiddhyoh samo bhutva
samatvam yoga ucyate

Ao longo da jornada de Yogaterapia, Arjuna aprenderá a acreditar em si mesmo e em seu próprio poder de cura. No início da jornada ele ainda projeta em Krishna, o seu terapeuta, como aquele que vai curá-lo. À medida que ele se torna mais forte, Arjuna terá que aprender a confiar em seus próprios recursos internos e valorizar-se a si mesmo. Ao se aproximar de seu verdadeiro Eu, Arjuna finalmente encontrará equanimidade. Krishna aconselha Arjuna a permanecer firme no Yoga e fazer seu trabalho de cura, não se preocupando com o resultado, mas apenas permanecendo com o processo e mantendo e desenvolvendo a equanimidade mental que Krishna define como a essência do Yoga durante toda a jornada.

2.51 – Karmajam buddhiyukta hi
phalam tyaktva manishinah
janmabandha vinirmuktah
padam gacchanty anamayam

Precisamos lembrar que Arjuna procurou Krishna para resolver um problema relacionado ao seu sofrimento, não por causa de algum interesse acadêmico na filosofia do Yoga e no sânscrito. Arjuna está sofrendo de depressão e algumas de suas ações contempladas envolvem inclusive o suicídio. Ele está buscando uma confirmação de que há realmente uma saída. Krishna assegura a Arjuna que existe um lugar livre de dor e explica da seguinte maneira.

Conectados à sua sabedoria superior, tendo renunciado aos frutos da ação, os sábios estão livres da prsião do renascimento e encontram aquele lugar que é livre da dor e da doença“.

Note que a palavra anamayam não é apenas uma referência à liberdade espiritual, mas se refere diretamente a um estado livre de doenças e pleno de saúde física.

A Conexão Mente-Corpo e a Cura

Sob esta perspectiva, percebemos que a consciência corporal não é apenas um acessório para a saúde, mas a própria base para o estabelecimento da saúde e da cura.

A unidade mente-corpo-espírito, como nós a conhecemos e a experimentamos no Yoga, é o resultado de influências específicas dentro de nossa cultura.

Entendendo a história e o desenvolvimento dessas influências, nós podemos compreender porque a integração do corpo-mente-espírito está no cerne das abordagens orientais com relação à cura e quase inexiste na nossa própria.

Raízes Históricas da Separação Mente-Corpo-Espírito na cultura Ocidental
  • INFLUÊNCIAS DA CULTURA GREGA

Muitas influências na nossa perspectiva de abordagem corpo-mente-espírito podem ser remontadas à civilização grega. Dentro da filosofia grega, o corpo físico era visto essencialmente como o templo da alma. Encontrava-se nesta tradição grega um sentido de integração corpo-mente- espírito como base para a saúde, que serviu de fundamento para o florescimento de escolas de cura mente-corpo. Isto é perfeitamente natural, já que a cultura grega se originou de um grupo cultural maior chamado Indo-Ariano, o qual incluía a cultura indiana.

Houve também intercâmbios entre a Índia e a Grécia, o que influenciou muitas escolas de filosofia grega. No segundo século, Plotinus descreveu o mundo como Luz Divina, onde tudo o que existe é Deus ou o Uno. O Mal em si mesmo não existe segundo Plotinus, mas é simplesmente a ausência desta Luz. Isto reflete a filosofia indiana predominante na época.

As raízes de nossa visão científica, racional do mundo e do corpo estavam também presentes na Grécia clássica, principalmente no racionalismo de Aristóteles. Aristóteles dividia o mundo natural em categorias ou áreas que podiam ser exploradas em detalhes, tendo ele sido considerado o pai da ciência e do academicismo. Esta divisão do mundo em componentes menores para estudo e entendimento lançou a base para o estudo científico do corpo como um objeto separado da mente e do espírito.

Um terceiro aspecto da cultura grega que iria afetar nosso conceito de corpo-mente-espírito é o Humanismo que dá enorme importância ao valor do indivíduo e à necessidade do desenvolvimento e aperfeiçoamento do corpo, mente e espírito.

  • INFLUÊNCIAS DA VISÃO DO VELHO TESTAMENTO

Uma outra cultura com valores próprios existiu na região do Mediterrâneo no mesmo período. Era a cultura semítica dos árabes e judeus. Sua abordagem da vida contrasta nitidamente com a civilização grega. Sua visão de vida reflete-se no Velho Testamento, onde a natureza do homem é vista como fundamentalmente maculada e penalizada pelo pecado original.
Esta visão do mundo é parcialmente resultante do meio em que viviam – uma área de recursos limitados e competição férrea, onde a vida era dominada pelo medo e pela ameaça das tribos invasoras. O Deus do Velho Testamento é um patriarca severo que exige obediência e julga o bem e o mal.
Esta perspectiva cultural do corpo está demonstrada na história de Adão e Eva que foram expulsos do Paraíso por terem comido o fruto da Árvore do Bem e do Mal, o que em geral é igualado à descoberta do prazer em seus corpos. Sob esta perspectiva, a mente deve ser controlada através da culpa e da vergonha, devido à sua tendência de se render aos desejos da carne. A salvação é conseguida através da graça de Deus, juntamente com rituais apropriados e comportamento social adequado. O clã era dominante e o indivíduo secundário.

Em resumo, o puritanismo, a confiança na fé e no tribalismo do Velho Testamento contrastam com as três bases importantes do conceito corpo-mente- espírito na cultura grega: holismo, racionalismo científico e humanismo.

  • INFLUÊNCIAS DA VISÃO DO NOVO TESTAMENTO

Jesus foi um reformador dentro da tradição do Velho Testamento. Parece provável que o pensamento grego e indiano influenciaram seu desenvolvimento. Sua mensagem de amor e compaixão contrasta com o julgamento severo do Velho Testamento, mas seu público e seus discípulos que apresentaram sua mensagem estavam tão condicionados pela visão do mundo do Velho Testamento que a mensagem de Jesus de amor e perdão foi obscurecida até certo ponto pela visão negativa do corpo e da mente do Velho Testamento.
Quando o Cristianismo se espalhou pelo Império Romano nos três primeiros séculos depois de Cristo, uma síntese de ambas as influências grega e romana foi, de fato, incorporada. O Novo Testamento foi escrito em grego e a cultura grega formou a base filosófica da cultura romana. Nestes primeiros séculos, o Cristianismo foi um movimento revolucionário que trouxe uma espiritualidade viva para culturas cujas religiões tinham se tornado amplamente instituições políticas e sociais. A história inicial do Cristianismo foi de perseguição e martírio.

  • INFLUÊNCIAS DO CRISTIANISMO COMO RELIGIÃO OFICIAL DO IMPÉRIO ROMANO

No tempo em que o Cristianismo se tornou a religião oficial do Império Romano em 380 da era cristã, os aspectos mais patriarcais e autoritários se tornaram dominantes como um reflexo do Estado Romano que a Igreja passou a representar. Com a queda do Império Romano em 476 e com o declínio da cultura e da civilização na Europa Ocidental e Meridional, uma abordagem autoritária e patriarcal do Cristianismo, caracterizada pelo medo, superstição e conservacionismo prevaleceu.
Aqueles aspectos da cultura greco-romana que a Igreja permitia tinham que se adequar à visão do Cristianismo do Velho Testamento no qual a carne era considerada pecaminosa.

  • INFLUÊNCIAS DA IDADE MÉDIA

O aspecto da filosofia greco-romana desenvolvido por filósofos da Idade Média, tais como Tomás de Aquino, foi a validação do poder da razão. Ao enfatizar a razão e rejeitar o corpo, a mente e o corpo tornaram-se oficialmente separados.
Curiosamente, a maior parte da filosofia e da ciência gregas foi preservada pelos árabes cuja cultura experimentou um renascimento na Idade Média.

A Idade Média recebe esse nome porque representa o tempo entre o grande florescimento do Humanismo, na cultura grega, e o renascer do Humanismo, com o Renascimento, no final do século 14.

  • INFLUÊNCIAS DO RENASCIMENTO

Durante o Renascimento, o corpo nu foi revitalizado na arte, e as grandes tradições da pintura e da escultura grega foram revividas. Os filósofos gregos clássicos, tais como Platão e Aristóteles, voltaram a estar em voga.

Dois aspectos importantes desenvolvidos no Renascimento tiveram influência poderosa na nossa percepção do corpo-mente-espírito:

  1. o ressurgimento do humanismo e a importância do indivíduo.
  2. a expansão do questionamento sobre a natureza da vida, o que criou as condições para a ciência moderna.
  • INFLUÊNCIAS DA INQUISIÇÃO

Também houve a atuação de forças contrárias durante o Renascimento. A Igreja Católica e as monarquias europeias trabalharam conjuntamente para esmagar qualquer divergência à doutrina cristã. O Humanismo e outras heresias, tais como a ideia de que o corpo poderia ser divino, ameaçavam o monopólio do poder medieval da Igreja e da monarquia. Durante os séculos 15 e 16, o Estado/Igreja iniciou uma Inquisição que era, de fato, um genocídio sistemático de místicos e curandeiros de todo tipo, com ênfase especial nas mulheres. Oito milhões de mulheres místicas e curandeiras foram assassinadas pela Igreja Católica e pelas elites de poder, aliadas por um período de tempo de trezentos anos.

Esse fato destruiu essencialmente todas as raízes da integração corpo-mente-espírito e as influências curativas ainda remanescentes da cultura grega.

Estes jardins árabes em Alhambra, Granada, Espanha, nos faz lembrar a atmosfera multicultural e relativamente liberal que existia em muitas partes da Europa antes da Inquisição. Durante a Inquisição na Espanha, árabes e judeus foram exilados e qualquer um que tivesse algum tipo de pensamento divergente era severamente punido.

O desenvolvimento da ciência aconteceu neste meio de repressão tremenda às novas ideias. Cientistas e filósofos, tais como Galileu, foram punidos por heresias, como a afirmação de que o planeta Terra girava em torno do sol. Giordano Bruno, um filósofo e humanista do Renascimento, disse que Deus estava presente em toda a natureza e que o universo era infinito. Foi queimado no pelourinho, em Roma, por sua heresia em 1600. Os castigos eram mais do que severos para fazer qualquer pessoa pensar seriamente antes de praticar curas integrando corpo-mente. Ao mesmo tempo, a conquista da América com brutal genocídio destruiu as tradições de cura xamânica no nosso continente.

  • INFLUÊNCIAS DA VISÃO MECANICISTA DO CORPO

O desenvolvimento da ciência não poderia ser interrompido, mas muitos compromissos tiveram que ser assumidos com os poderes vigentes. Um desses estava centralizado na natureza do corpo. Com o despertar da ciência no Renascimento, havia um interesse em explorar o corpo de modo mais completo através da dissecação. Esta prática era condenada pela Igreja, porque se dizia que o corpo era o repositório da alma. Este conflito entre a Igreja e a ciência foi solucionado pela redefinição dos limites da alma. A alma foi transferida do corpo para a mente e diferentes territórios foram destinados à Igreja e à ciência. A ciência trataria do corpo, mas não interferiria na mente ou alma, que permaneceria no domínio da Igreja. A Igreja, por outro lado, concordaria tacitamente em relegar o corpo à posição de um objeto para ser investigado e quantificado como qualquer outro objeto da ciência. A ciência continuou, então, sua exploração do ser humano com a mente e o espírito retirados de seu campo de investigação.

Este era o cenário quando o filósofo francês René Descartes faz sua entrada no começo de 1600.
Descartes observara o crescimento da ciência e da matemática e sentiu que a filosofia deveria ter a mesma base empírica de certeza. Descartes postulou, em consonância com os desenvolvimentos que estavam ocorrendo na ciência, que o corpo é uma máquina que obedece a leis naturais fixas. Ele também acreditava que a mente pode funcionar independentemente do corpo. Ele exaltou o poder da razão e descobriu que o primeiro princípio verdadeiro e certo que pode ser assumido seria: “Penso; logo, existo”. O conceito de Descartes do corpo como uma máquina separada da mente e da alma lançou a base para a maior parte da filosofia e da ciência até nossos dias.

  • INFLUÊNCIAS DA REFORMA PROTESTANTE

O monopólio de poder da Igreja foi diminuído pela Reforma Protestante, no século dezesseis, mas a separação entre corpo-mente-espírito não. Martinho Lutero, mais tarde, expandiu a importância do indivíduo ao manter que o homem era seu próprio elo com Deus. Esse era um Deus de fogo e enxofre que pedia ao homem para renunciar à carne. Lutero considerou a humanidade corrompida pela queda da Graça no tempo de Adão e Eva. O homem poderia redimir-se através:
– da fé,
– da moralidade e
– do trabalho árduo.

O trabalho árduo era visto como uma compensação pela culpa do pecado original! Na visão de Lutero, o papel do indivíduo torna-se mais importante, mas, também, mais negativo e é, na verdade, uma regressão ao patriarcalismo do Velho Testamento com o elemento adicional da ética do trabalho como meio de salvação.

A ética do trabalho, o puritanismo e o individualismo juntaram-se com a visão mecanicista do corpo e produziram duas outras bases importantes da nossa perspectiva sobre o conceito corpo-mente-espírito:

  1. A ciência causou o aparecimento da revolução tecnológica que, combinada com a ética do trabalho, resultou no mito do progresso. Essa é a ideia de que o tempo e a história são lineares. Com o tempo, a ciência e a tecnologia, aliadas ao trabalho árduo, criariam um mundo melhor, no qual todos os segredos da natureza seriam revelados. As atuais crises do aquecimento global e outros problemas do meio ambiente apontam para a natureza mítica e enganosa dessa crença.
  2. Quando se acrescenta o individualismo à ética do trabalho e ao materialismo científico, o resultado é o mito do sucesso. Esta é a ideia pela qual todo aquele que trabalhando arduamente e usando a inteligência científica racional com a correta tecnologia poderia ver realizados todos os seus objetivos pessoais desejados. Este foi o modelo dos Estados Unidos dos anos 50. Apesar do sucesso ter produzido abundância material, a visão materialista do ser humano deixou tanto a mente, quanto os espíritos insatisfeitos, levando ao neorromantismo dos hippies na década de 60 e no começo da de 70.
  • A BUSCA DO PENSAMENTO ORIENTAL

A inquietação daquela geração girava em torno da percepção de que enquanto a tecnologia estava melhorando a vida material, as pessoas estavam mais infelizes do que nunca, e a vida moderna estava cheia de agentes estressores que não existiam nas sociedades menos desenvolvidas. Este questionamento levou a uma busca mais humanística do ser e a viagens à Índia, onde a separação entre corpo-mente-espírito não tinha ocorrido de forma tão dramática. A emergência da religião oriental e da cura mente-corpo é o resultado desse novo humanismo nos Estados Unidos dos anos 60.

INFLUÊNCIAS DA RETOMADA DA VISÃO DE INTEGRAÇÃO CORPO-MENTE-ESPÍRITO

Hoje, nos encontramos numa nova fase, onde a integração do corpo-mente-espírito está se tornando parte da corrente central de nossa cultura. A ciência e a medicina respaldam a conexão corpo, mente e espírito, em vez de trabalhar contra ela.

Mesmo que a integração corpo-mente-espírito se torne parte da corrente central de nossa cultura, as noções inconscientes e subjacentes que influenciam a percepção básica do ser humano estão tão entranhadas, que afetam nossas vidas por inteiro, nosso sistema de saúde e mesmo a maneira como vemos e praticamos Yoga.

O Yoga descontraído dos hippies nos anos 60 e 70 está se tornando o Yoga empresarial do novo milênio, à medida que o Yoga assume um pouco mais do legado dos mitos do progresso e do sucesso. O Yoga se direciona para a realização e o sucesso, com ênfase nos objetivos pessoais do indivíduo. As próprias aulas de Yoga estão adquirindo um ritmo mais ágil, direcionadas para um objetivo, como se houvesse algo a atingir.
Muitas vezes o corpo é visto como matéria-prima que é submetida a um processo tecnológico (Yoga) para atingir o sucesso, através de um trabalho árduo, para obter melhor saúde, postura, aparência, etc. Esta abordagem do Yoga seria quase incompreensível para os primeiros yoguis que desenvolveram a ciência do Hatha Yoga.