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Yogaterapia como ferramenta de Cura Física e Espiritual

A Yogaterapia não é separada do estudo do Yoga, mas é uma aplicação especializada que representa aprofundamento e extensão das áreas de conhecimento de um professor de Yoga

O que Yogaterapia?

Yogaterapia é a aplicação das ferramentas, técnicas, metodologia e filosofia do Yoga para promover a saúde e a cura. A Yogaterapia requer uma compreensão de todas as facetas do Yoga em relação à saúde e cura, incluindo anatomia, fisiologia e cinesiologia de uma perspectiva médica ocidental, bem como a compreensão das condições comuns de saúde, especialmente aqueles que têm o componente de estresse. 

O Yogaterapeuta é um profissional com a compreensão aprofundada dos benefícios e contraindicações de uma grande variedade de práticas de Yoga, incluindo ásana (posturas físicas), pranayama (exercícios de respiração), mudrá (gestos com intenções), Yoga nidra (relaxamento) e meditação em relação a condições específicas de saúde, permitindo o desenvolvimento de programas individualizados de saúde e cura baseados no Yoga.

O Yogaterapeuta também tem uma compreensão aprofundada da Ayurveda em relação à aplicação de ferramentas e técnicas de Yoga para cultivar o equilíbrio ao nível dos três doshas. Além disso, o Yogaterapeuta desenvolve as ferramentas e técnicas para trabalhar com confiança com indivíduos ou grupos especiais atendendo às necessidades de cada um, desenvolvendo técnicas especiais para pessoas com condições de saúde mais urgentes, como ansiedade e depressão, problemas cardiovasculares e câncer. Essa compreensão mais profunda, levando em consideração todas as facetas da jornada de vida de um indivíduo, inclui desafios psicoemocionais e a busca pelo propósito e o significado da vida através do autoconhecimento. O Yogaterapeuta incorpora uma exploração aprofundada da vida como um processo de cura. 

Yogaterapia Relativa e Absoluta

A Yogaterapia pode ser dividida em duas grandes categorias para explorar e entender como o Yoga promove a saúde e a cura. A primeira categoria é a Yogaterapia Relativa, que engloba todos os métodos e técnicas do Yoga. A segunda é a Yogaterapia Absoluta, que é a cura espiritual através do reconhecimento do nosso verdadeiro Ser. Dentro de todas as tradições do Yoga ao longo de sua extensa e diversificada história, os métodos e técnicas são sempre os meios, enquanto o autoconhecimento e a cura espiritual são o objetivo final da jornada.

Ao final, a Yogaterapia é a integração, equilíbrio e harmonia da Yogaterapia Absoluta e Relativa através da compreensão clara do papel e da importância de cada uma. Quando a metodologia e a realização se fundem perfeitamente, elas são como as duas asas de um pássaro que nos permitem mover-nos para a saúde perfeita e a cura sem esforço. Os métodos e técnicas do Yoga são essenciais e únicos em sua profundidade e variedade, permitindo o cultivo da saúde e cura em qualquer indivíduo, independentemente da idade e das necessidades individuais. Por mais poderosas e únicas que sejam essas técnicas, elas devem ser sempre mantidas na perspectiva de seu papel como veículos, como um meio para o culminar da jornada como auto cura e despertar espiritual.

Yogaterapia como a União da Técnica e do Autoconhecimento

A Yogaterapia une as técnicas para despertar espiritual que são a base da cura do Yoga, com a compreensão de que as técnicas são sempre um veículo para a jornada de reconhecimento do nosso verdadeiro Ser. Essa união é incorporada nos Angas do Yoga. 

Os Angas fornecem um passo a passo, começando com uma base sólida na técnica e metodologia como base para as práticas internas e que nos levarão ao reconhecimento de nossa essência espiritual. Há várias apresentações importantes dos angas do Yoga ao longo da linha do tempo da história do Yoga e aqui, trazemos uma introdução a três dos mais importantes em relação à saúde e cura.  

Dentro da evolução destes Angas, vários aspectos se destacam. O primeiro deles é um foco crescente em metodologia e técnica, aumentando o número de técnicas exponencialmente. O segundo é o foco no corpo, na saúde física e na cura. Por fim, e o mais importante, mesmo com um foco maior na saúde física, o objetivo do Yoga do despertar espiritual está sempre no centro da jornada, com as técnicas como apoio, como veículo.

Os Angas do Yoga nos Upanishads

A Maitrayaniya Upanishad de aproximadamente 3.000 anos atrás é a primeira codificação dos Angas do Yoga que são apresentados como: Pranayama (regulação da respiração), Pratyahara (retirada dos sentidos), Dhyana (meditação), Dharana (concentração), Tarka (contemplação) e Samadhi (absorção). 

Esta elaboração dos angas do Yoga é fundamental à medida que se move do corpo, do nível do nosso ser físico, para o nosso corpo sutil através da respiração. Com corpo e respiração como base, equilibramos a mente através do direcionamento de nossos sentidos para dentro, da meditação, da concentração e da contemplação. 

Todos esses passos culminam em união com nosso ser espiritual em samadhi. Um elemento que ainda não está presente é o ásana, postura, mostrando-nos que não havia se desenvolvido como uma prática na época, enquanto pranayama já estava bem desenvolvido. Um elemento que aparece na lista que não reaparece mais tarde é tarka, que é definido como “o processo de questionamento que leva a uma conclusão particular”. É uma contemplação do nosso próprio processo de pensamento e situações em nosso entorno, considerado um elemento vital do Yoga para a cura.

Os Angas da Yoga em Nos Yoga Sutras de Patanjali 

Nos Yoga Sutras de Patanjali de aproximadamente 2.000 anos atrás, a saúde no sentido final é o reconhecimento de nós mesmos como purusha, nosso Ser espiritual. Os angas do Yoga servem como um mapa da jornada que abrange corpo, respiração, sentidos e mente como veículos para despertar como purusha, consciência pura. 

Os angas formam um mapa completo para a jornada da saúde, cura e despertar, começando com nossa relação com nosso entorno (Yama), nossa relação com nós mesmos ao longo da jornada espiritual (Niyama), nossa relação com o corpo (Asana), nossa relação com nossa respiração (Pranayama), nossa relação com os sentidos (Pratyahara), nossa relação com a mente (Dharana), nossa capacidade de integrar o corpo, respiração, sentidos e mente como porta para o nosso verdadeiro Ser através da meditação (Dhyana). 

O Anga final, Samadhi, é a união com o nosso ser espiritual interior. Ao longo desta jornada, cultivamos a saúde em todos os níveis. Nos Sutras de Yoga, ásana é definido com “postura estável e confortável”, enquanto refere a posturas sentadas para meditação e não à variedade de ásanas usados hoje, mostrando que a postura corporal se tornou uma base da prática espiritual.

Os Angas da Yoga nos Textos de Hatha Yoga

O poder curativo do Yoga vem de sua abordagem multidimensional que abrange o corpo, a respiração, os sentidos e a mente. Cada uma das principais áreas da prática de Yoga desempenha um papel fundamental nesse processo. O Gheranda Samhita apresenta a estrutura geral das práticas e seus benefícios. Esta organização difere ligeiramente dos Sutras de Yoga, na forma de que os Yamas e Niyamas foram movidos para a introdução do texto. Mudras foram adicionados à lista e pranayama estão mais perto de samadhi. Concentração, dharana não está incluída, pois seria considerada como uma faceta da meditação.

Esse modelo de prática também mostra a integração da Yogaterapia relativa e absoluta. Os angas anteriores se concentram principalmente em métodos e técnicas, enquanto os angas posteriores usam técnicas, mas o foco está claramente no reconhecimento do nosso Ser interior. Como na analogia da escadaria (adhirohin), cada passo nos guia mais perto do culminar do Yoga como despertar espiritual.

Os angas do Yoga, tanto em seus componentes individuais, quanto na forma de um caminho acessível do material ao sutil, tornam a tecnologia do Yoga única dentro de todas as tradições da espiritualidade. O poder e a integralidade do caminho do Yoga se tornam claros. 

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A Natureza da Yogaterapia Absoluta

O que é espiritualidade?

Para uma compreensão mais profunda do processo de cura na Yogaterapia, exploraremos tanto a Yogaterapia Absoluta quanto a Relativa em detalhes. Começamos com a Yogaterapia Absoluta porque todos os métodos e técnicas de Yoga servem, em última análise, como uma base e um portal para a cura absoluta que se desdobra por meio do autoconhecimento e do despertar espiritual. Começamos nossa exploração da Yogaterapia Absoluta definindo espiritualidade.

A palavra inglesa “espírito” spirit vem do latim spiritus, e significa “respiração”. Por meio da espiritualidade, experimentamos não apenas o reino material que pode ser visto com nossos sentidos, mas as forças sutis, como nossa respiração, que, embora invisíveis, são essenciais para a vida. O espírito é a inteligência e a energia, a fonte e a semente que trazem a criação material à existência e a sustentam a cada momento. 

Nosso reconhecimento e conexão com essa fonte e semente onipresentes é espiritualidade. O despertar espiritual é a experiência vivida dessa energia e inteligência como a fonte e a essência do nosso próprio Ser. À medida que me torno um com a fonte e a semente das criações, há uma experiência direta e imediata de nossa identidade mais profunda e nosso propósito e significado de vida, de modo que o despertar espiritual e o autoconhecimento se unem perfeitamente. Essa experiência sempre gera harmonia dentro do corpo e em nosso entorno e, portanto, também é sinônimo de autocura.

A espiritualidade pode ser incorporada a uma estrutura religiosa, mas é essencialmente distinta. A religião é baseada principalmente na crença; um conjunto de doutrinas ou credos na natureza de Deus ou uma vida após a morte que dependem de autoridade confiável, mas geralmente não são verificáveis. Espiritualidade é uma experiência da inteligência e energia no coração da criação dentro do nosso próprio Ser que gera um conhecimento da nossa unidade com todas as coisas e um senso imediato e inquestionável de Autoconhecimento como propósito e significado da nossa vida.

O que é Cura?

A palavra cura vem do termo inglês antigo “haelen”, que significa “totalidade” e se refere ao processo de se mover em direção a um estado desejado de totalidade, saúde e integração do corpo, mente e espírito. Cura é a restauração da totalidade por meio da integração das forças que restauram, transformam, sustentam e nutrem a pessoa inteira em todas as dimensões da vida. Cura, neste sentido, é diferente de eliminar todas as evidências de uma doença; significa se tornar inteiro. Cura é uma restauração da totalidade por meio de um processo de transformação pessoal que leva a novas maneiras de ver, de modo que o ser curado seja distinto e frequentemente mais inteiro do que antes do início da doença.

A cura ocorre em vários níveis diferentes, e é a integração de todos esses níveis que representa a saúde global como totalidade. O modelo dos Cinco Koshas apresentado no Taittirya Upanishad, de 3.000 anos atrás, fornece uma estrutura para os diferentes níveis de cura. Kosha significa uma “bainha” e se refere às diferentes facetas do nosso ser, cada uma das quais deve ser trazida à consciência e tornada inteira ao longo da jornada de cura.

Annamaya KoshaAnna se refere ao corpo físico e Annamaya kosha é a dimensão física do nosso ser, incluindo todos os sistemas do corpo e sua fisiologia. A cura é o processo que leva todos os sistemas do corpo físico a um estado de integração e harmonia que lhes permite funcionar de forma ideal. Todas as práticas de Yoga apoiam a saúde de Annamaya Kosha, em especial os ásanas.

Pranamaya KoshaPrana é a energia da força vital, e o pranamaya kosha é a dimensão energética do nosso ser, a energia sutil que dá vitalidade à nossa fisiologia. A cura é a reconexão com fontes de prana, incluindo natureza, ar fresco, água pura e nutrientes vitais. O pranamaya kosha envolve a saúde do corpo sutil, incluindo chakras, pranavayus e nadis, que devem estar em harmonia para que nosso ser físico funcione de forma otimizada. Todas as práticas de Yoga apoiam a saúde de Pranamaya Kosha, em especial os pranayamas.

Manomaya Kosha Mano se refere à mente e Manomaya kosha é a dimensão psicoemocional do nosso ser que abrange nossos pensamentos e sentimentos. A cura é o processo de equilíbrio psicoemocional e a harmonia dentro do nosso próprio ser e em nosso entorno. Envolve a aceitação de nossos pensamentos e sentimentos e também a capacidade de encontrar descanso e paz para que a mente possa ser curada. Todas as práticas de Yoga apoiam a saúde de Manomaya Kosha, em especial os yamas, nyamas, pratyahara e dharana.

Vijnyanamaya Kosha – Vijnyana significa “sabedoria superior” e o Vijnyanamaya kosha é aquele aspecto da mente que tem a capacidade de ver e liberar os padrões de condicionamento que nos prendem à personalidade com seus hábitos e tendências que são a fonte de limitação e sofrimento. A cura é a liberdade, facilidade e autenticidade que surgem à medida que crenças e tendências limitantes são liberadas. Todas as práticas de Yoga apoiam a saúde de Vijnyanamaya Kosha, em especial os dhyana, a meditação.

Anandamaya KoshaAnanda é alegria, totalidade, bem-aventurança e êxtase, que surgem do reconhecimento do nosso próprio Ser interior. Esta experiência é refletida em qualidades positivas, incluindo autonomia psicoemocional, equanimidade e paz interior que nos permitem viver em harmonia dentro do nosso próprio ser e em nosso entorno. O despertar dessas qualidades de dentro do nosso ser é uma base de cura.

Brahman – Brahman é o absoluto, a inteligência e a energia no coração da criação. Nossa integração e unidade com nosso verdadeiro Ser é simultaneamente um conhecimento de nós mesmos como um com toda a criação. Como um com a criação, sem nenhuma sensação de que algo está faltando ou incompleto, é a própria essência da cura experienciada através das experiência de samadhi

Prática Experiencial:  

Reflita sobre os Cinco Koshas e seu nível de saúde e cura em cada um.

Por Joseph Le Page

Sobre o autor

Joseph Le Page é norte-americano, naturalizado brasileiro, com mestrado em educação experiencial. Em 1993, ele fundou o Integrative Yoga Therapy, uma das primeiras instituições a levar o Yoga para o sistema médico de saúde nos EUA. Em 1995, ele criou o programa de Yoga para Pacientes Cardíacos, no California Pacific Medical Center, San Francisco, Califórnia (EUA). Nos últimos 20 anos, formou mais de 3.000 professores de Yoga e Yogaterapeutas pelo mundo.

Joseph integra a visão do Yoga, da pedagogia e da arte de curar, formando um programa de ensino de Yoga criativo e abrangente. Seu enfoque é apresentar a riqueza e profundidade da ciência do Yoga de maneira altamente experiencial e de fácil compreensão e, sobretudo, com bom humor. É co-fundador do Centro de Yoga Montanha Encantada, em Garopaba, SC, o maior centro de retiro de Yoga e autoconhecimento da América Latina, inaugurado em 2003 e presidente do Instituto Yoga Integrativa, entidade sem fins lucrativos, localizada no Centro de Yoga Montanha Encantada, que promove programas de autoconhecimento e bem-estar, assim como patrocina programas gratuitos de Yoga e Yogaterapia para a saúde da comunidade.

Joseph é diretor do programa de Yogaterapia Coração Saudável, realizado desde 2006 em Garopaba, SC, em parceria com o PSF-NASF de Garopaba. Atualmente, o programa Coração Saudável atende pacientes em Garopaba, Imbituba e no Hospital Universitário de Florianópolis. É coautor do livro Guippy – Guia Prático de Posturas de Yoga, um dos materiais mais utilizados em programas de treinamento de professor nos EUA e no Brasil, publicado pela Editora Yoga Integrativa. É também coautor do livro Mudrás para Cura e Transformação, publicado em inglês nos EUA e a ser lançado em português no início de 2019 pela editora.

As Dezesseis Qualidades do Ser Autêntico

Nosso verdadeiro Ser, purusha, está além de qualquer descrição porque está além da mente e do reino da prakriti. Podemos, no entanto, adquirir um senso de nosso Ser interior reconhecendo e cultivando suas qualidades essenciais. Essas qualidades são 16, que representa o número de pétalas do chakra da garganta. Dezesseis é descrito como um número perfeito porque representa a harmonia perfeita entre o crescente e o minguante da lua. Todos os números das pétalas dos chakras culminam em 16:

Primeiro chakra = 4 pétalas; Segundo chakra, 4+2=6 pétalas; Terceiro chacra, 6+4=10 pétalas, Quarto chacra, 10+2=12 pétalas, Quinto Chacra, 12=4=16 pétalas, Sexto chacra = 2 pétalas restantes. É o chakra da garganta onde as dezesseis tendências limitantes relacionadas à personalidade condicionada são vistas, questionadas e liberadas, e também onde as dezesseis qualidades do Ser autêntico são integradas, permitindo-nos falar nossa verdade a partir de nosso Ser interior e não da personalidade condicionada.

 

1. Imutabilidade – avyakta

Dentro do reino da prakriti, tudo está em constante processo de mudança, mas o observador, nosso ser interior, que sempre foi e sempre será, é primordial e imutável, avyakta.

Para experimentar essa qualidade, coloque suas mãos em Adhi mudra e faça seis respirações, permitindo que essa qualidade floresça de dentro de si e permeie todo o seu ser enquanto você canta Om Avyakta Devaya Namaha.

2. Totalidade – purnatvam

No reino da prakriti, os resultados de nossas atividades e a percepção de nosso próprio ser raramente são completos e, muitas vezes, estão sujeitos a sentimentos de inadequação, inefetividade ou fracasso. Em nossas interações, parece que sempre há algo que queremos ter, fazer ou mudar dentro de nós mesmos ou em nosso entorno, para nos sentirmos completos. Em contraste, nosso Ser interior é naturalmente inteiro e completo, purnatvam, de modo que não sentimos uma necessidade compulsiva de fazer ou realizar em nosso entorno. Além disso, quando planejamos e organizamos projetos, somos menos apegados aos resultados e mais atentos ao processo de aprendizagem que ocorre ao longo da jornada.

Para experimentar essa qualidade, coloque suas mãos em Hakini mudra e faça 6 respirações, permitindo que essa qualidade de totalidade floresça e permeie todo o seu ser enquanto você canta Om Purnatvam Devaya Namaha.

3. Naturalidade – sahaja.

Dentro do reino da prakriti, é comum sentir que não estamos completamente confortáveis ou que não podemos realmente ser nós mesmos; que estamos vivendo uma vida planejada para nós que não é verdadeiramente nossa. À medida que nos alinhamos com nosso ser interior, experimentamos uma naturalidade, sahaja, ao viver como se estivéssemos sempre no lugar certo, na hora certa e pudéssemos ser completamente relaxados e naturais como somos.

Para experimentar essa qualidade, coloque suas mãos em Ushas mudra e faça 6 respirações, permitindo que essa qualidade de naturalidade floresça de dentro e permeie todo o seu ser enquanto você canta Om Anuthana Devaya Namaha.

4. Alegria intrínseca – mudita

Dentro do reino da prakriti, a satisfação e a felicidade dependem, em grande parte, do nosso entorno. À medida que nos unimos com nosso Ser interior, descobrimos uma fonte de alegria e paz que brota de dentro de nós e transborda para o nosso entorno. Essa mola interior proporciona alegria e satisfação continuamente e é especialmente importante quando encontramos obstáculos e desafios, permitindo-nos enfrentá-los de forma mais objetiva e com a certeza de que nossa paz interior prevalece, não importa o que esteja acontecendo ao nosso redor. Essa alegria interior também é importante para irradiar a energia da alegria e do bom humor que são reflexos do Ser interior em nosso entorno, para apoiar os outros na jornada do despertar.

Para experimentar essa qualidade, coloque suas mãos em Hansi mudra e faça 6 respirações, permitindo que essa qualidade de alegria intrínseca floresça e permeie todo o seu ser enquanto você canta, Om Mudita Devaya Namaha.

5. Leveza – laghiman

 No nível da personalidade condicionada, tensão e resistência são muitas vezes o resultado do constante cabo de guerra entre nossas necessidades percebidas e nossas capacidades e possibilidades percebidas. Isso geralmente resulta em estresse e uma atmosfera interna e externa de densidade. Sob os efeitos do estresse, há uma tendência a se identificar com a personalidade limitada e levar as coisas, mesmo as pequenas, a sério e de forma pessoal, resultando em ainda mais peso, estresse e sofrimento. Este peso e estresse são fatores importantes desenvolvimento da doença corpo-mente. À medida que nos alinhamos com o nosso Ser interior, temos uma visão mais ampla das interações e situações ao nosso redor, reconhecendo que elas existem para nos guiar ao longo de nossa jornada, mostrando-nos as crenças centrais que são a causa do sofrimento. Dentro dessa perspectiva mais ampla, liberamos o estresse e o peso que são a causa da doença, permitindo-nos viver com leveza e facilidade e uma sensação de diversão mesmo quando as situações são desafiadoras.

Para experimentar essa qualidade, coloque as mãos em Hastaphula mudra e faça 6 respirações, permitindo que essa qualidade de leveza e facilidade floresça de dentro e permeie todo o seu ser enquanto você canta Om Laghiman Devaya Namaha.

6. Equanimidade – samatva

No nível da personalidade condicionada, a vida muitas vezes pode parecer uma montanha-russa onde estamos subindo ou descendo com apenas breves momentos de equilíbrio entre eles. À medida que nos alinhamos com nosso Ser interior, descobrimos um lugar de profunda paz interior e equanimidade, como estar nas profundezas do mar, onde as tempestades que assolam a superfície mal são sentidas e nada mais tem o poder de nos tirar do nosso centro. Com maior centralização e equanimidade, qualquer desafio imprevisto que surja é visto como uma oportunidade para reconhecer e dissolver crenças centrais limitantes que nos mantêm presos à personalidade limitada. E, mesmo quando perdemos o equilíbrio, recuperamos mais rapidamente.

Para experimentar essa qualidade, coloque suas mãos em Dhyana mudra e faça 6 respirações, permitindo que essa qualidade de equanimidade floresça de dentro e permeie todo o seu ser enquanto você canta Om Samatva Devaya Namaha.

7. Propósito de vida – Svadharma

No nível da personalidade condicionada, a confusão quanto ao propósito e significado de nossa vida é muito mais comum do que a certeza. À medida que nos unimos com nosso Ser interior, ganhamos um conhecimento de quem somos além de toda teoria e questionamento, e também reconhecemos esse conhecimento como nosso propósito e significado de vida. Com esse sentido de significado, somos guiados a desenvolver nossos talentos e possibilidades únicas que, de uma forma ou de outra, servem a toda a jornada da humanidade em direção ao seu destino na forma de autoconhecimento e despertar espiritual.

Para experimentar essa qualidade, coloque suas mãos em Kubera mudra e faça 6 respirações, permitindo que essa qualidade de conhecer seu propósito e significado de vida floresça de dentro e permeie todo o seu ser enquanto você canta Om Svadharma Devaya Namaha.

 

8. Compaixão – Karuna

Dentro do reino da prakriti, tendemos a enquadrar todas as experiências e interações dentro das lentes de nosso próprio condicionamento limitado. À medida que nos alinhamos com nosso Ser interior, cultivamos a compaixão, que é a capacidade de ver as situações pelos olhos dos outros; ver a vida como os outros a vêem. Com essa visão, vemos os outros sofrendo e entendemos intuitivamente o condicionamento que trouxe esse sofrimento à existência. Também vemos que a intenção central dos outros, mesmo quando seu nível de consciência é limitado, não é criar dano ou negatividade, mas apenas encontrar a felicidade e evitar o sofrimento dentro dos limites de sua compreensão. Também entendemos que quando os outros agem negativamente, isso não é direcionado a nós pessoalmente, mas apenas reflexos de suas próprias limitações e necessidades e prioridades mal percebidas que são projetadas em qualquer um que esteja em seu caminho. Também podemos reconhecer que o sofrimento dessas pessoas é real e que nós também sofremos assim no passado e agimos inconscientemente. Vemos que as crenças alheias, assim como as nossas, não são fixas, pois cada indivíduo sempre tem a capacidade de se transformar e viver de forma mais consciente. Finalmente, reconhecemos que a melhor maneira de ajudar os outros a mudar suas atitudes e tendências não é por meio de críticas ou conselhos, mas por meio de nosso próprio exemplo de vida em paz e equanimidade.

Para experimentar essa qualidade, coloque suas mãos em Karuna mudra e faça 6 respirações, permitindo que essa qualidade de compaixão floresça de dentro e permeie todo o seu ser enquanto você canta Om Karuna Devaya Namaha.

 

9. Discernimento – Viveka

No nível da personalidade limitada, há uma tendência a se identificar com nossas formas condicionadas de ver e ser, mesmo quando sabemos que elas não oferecem a possibilidade de liberdade, felicidade e paz, mas tendem a perpetuar padrões de limitação e sofrimento. À medida que o reconhecimento de nosso Ser interior como nossa verdadeira identidade se torna mais completo, somos capazes de discernir claramente entre os klishta vrittis, os pensamentos, sentimentos e crenças que causam sofrimento, e os aklishta vrittis, os movimentos dentro da consciência que levam à liberdade e à liberdade. despertar. Limitar as vritis que levam ao sofrimento não se dissolverá rapidamente devido à profundidade de nosso condicionamento, mas, por meio do discernimento, desenvolvemos a capacidade de presenciá-las sem reagir inconscientemente. Testemunhar gradualmente reduz o poder dessas dores produzindo vrittis, permitindo-nos viver com maior liberdade e autonomia.

Para experimentar essa qualidade, coloque suas mãos em Citta mudra e faça 6 respirações, permitindo que essa qualidade de compaixão floresça de dentro e permeie todo o seu ser enquanto canta Om Viveka Devaya Namaha.

10. Entrega ao Senhor – Ishvara Pranidhana

Dentro do reino da prakriti, tendemos a confiar em nossas habilidades no nível da personalidade para encontrar felicidade, sucesso e significado. Como a prakriti é governada pelos três gunas e, portanto, caracterizada pela mutabilidade e incerteza, os resultados são sempre mistos e muitas vezes levam ao sofrimento quando nossos planos e expectativas não se concretizam como esperado. À medida que nos alinhamos com nosso Ser interior, nós o reconhecemos como um reflexo da inteligência no coração de todas as coisas, Ishvara, a Fonte de Energia. Ao nos alinharmos com a Fonte, transcendemos os altos e baixos dentro do reino dos gunas e reconhecemos que a felicidade, o sucesso e a paz que buscamos são a natureza de nosso próprio Ser como reflexos da natureza infinita da Fonte de Energia. Através desse alinhamento com a Fonte, entramos em um estado de graça divina, que tanto nos guia quanto nos protege ao longo de nossa jornada. Dentro da luz da graça, encontramos uma sincronia com os ritmos universais e nos tornamos co-criadores em nosso entorno para apoiar o destino maior da humanidade como o despertar espiritual para o ser. Também usamos nossos desafios e dificuldades como formas de ver onde ainda estamos nos apegando à personalidade limitada para que possamos nos render cada vez mais profundamente.

Para experimentar essa qualidade, coloque suas mãos em Pushpanjali mudra e faça 6 respirações, permitindo que essa qualidade de rendição floresça de dentro e permeie todo o seu ser enquanto você canta Om Ishvara Pranidhana Devaya Namaha.

 

11. Silêncio interior – Antar Mauna

No nível da personalidade condicionada, o nível de contentamento e paz que encontramos geralmente depende das circunstâncias ao nosso redor. Em termos de silêncio interior, a maioriadas pessoas luta na meditação por um período de tempo considerável para encontrar momentos de silêncio. Através da entrega e da graça cada vez mais profundas, naturalmente começamos a experimentar o silêncio e a paz interior através do alinhamento com o nosso Ser, que é simultaneamente união com a Fonte de Energia. Esse silêncio e paz estão além da mente e do reino de prakriti e, portanto, mais imunes aos altos e baixos ao nosso redor.

Para experimentar essa qualidade, coloque suas mãos no Kurma mudra e faça 6 respirações, permitindo que essa qualidade do Silêncio Interior floresça de dentro e permeie todo o seu ser enquanto você canta Om Antar Mauna Devaya Namaha.

 

12. Onisciência – Sarvavidya

Dentro do reino da prakriti, tendemos a aprender de forma compartimentalizada, dominando informações sobre temas específicos. Mesmo quando nos tornamos doutores, nosso conhecimento em qualquer área é limitado. Em termos do quadro maior da existência, quanto mais a ciência descobre, mais questões surgem e o escopo de nossa compreensão é diminuído pela infinidade da criação. Por exemplo, quanto mais a física avança, mais a definição de criação material se assemelha àquela que o Yoga apurou intuitivamente, e campo de energia sem fim cuja manifestação como materialidade é quase nada! À medida que nos alinhamos com nosso Ser interior como reflexo e extensão da energia da Fonte, cultivamos um tipo diferente de conhecimento na forma de um conhecimento intuitivo da essência de todas as coisas, das leis que governam a própria criação e da Fonte que está subjacente a estes. Esse conhecimento também fornece informações sobre quem somos, a natureza das coisas criadas e nosso propósito de vida e destino na forma de despertar espiritual.

Para experimentar essa qualidade, coloque suas mãos em Bhairava mudra e faça 6 respirações, permitindo que essa qualidade de onisciência floresça de dentro e permeie todo o seu ser enquanto canta Om Sarvavidya Devaya Namaha.

 

13. Ilimitação – Ananta

No nível da personalidade condicionada, a limitação é uma realidade sempre presente. Quase nunca alcançamos nossos desejos e necessidades completamente. E, por nossa própria natureza humana, assim que alcançamos algo, há uma tendência a querer mais, melhor ou diferente. Além disso, mesmo quando temos tudo o que precisamos em um nível prático, existem padrões internos de deficiência que continuam a criar uma sensação de limitação e sofrimento. À medida que nos alinhamos com nosso Ser interior, reconhecemos que a verdadeira natureza do criador e da criação é ilimitada. Isso se aplica até mesmo à nossa compreensão do universo, onde a ciência muitas vezes procura encontrar fronteiras e limites, mas onde a realidade continua se expandindo. À medida que nos tornamos um com a criação ilimitada, a experimentamos como a natureza de nosso próprio Ser em samadhi. Também a integramos gradualmente na vida diária, onde passamos a entender que nossa capacidade de viver plena e alegremente também é ilimitada. Simultaneamente, mesmo no nível da manifestação material, passamos a ver que nossa capacidade de desenvolver nossos talentos e possibilidades únicas para o bem de todos os seres também é ilimitada.

Para experimentar essa qualidade, coloque suas mãos em Ananta mudra e faça 6 respirações, permitindo que essa qualidade de ilimitado floresça de dentro e permeie todo o seu ser enquanto canta Om Ananta Devaya Namaha.

 

14. Autodomínio – Vashitvam

No nível da personalidade condicionada, há uma forte tendência a se identificar e estar sujeito a uma ampla gama de emoções, impulsos e instintos relacionados a gostos, desgostos e necessidades percebidas. Padrões emocionais como um sentimento de perda, vergonha, carência ou tristeza podem abranger e caracterizar toda a nossa personalidade. À medida que nos alinhamos com nosso Ser interior, reconhecemos que essas tendências existem apenas em nossa mente e em padrões de crenças condicionadas, que não têm base na realidade. Portanto, cultivamos a capacidade de testemunhar esses padrões de negatividade, por mais poderosos que pareçam, sem nos identificar com eles como “eu”. Por meio desse compromisso de não nos identificarmos com padrões que, em última análise, causam sofrimento, desenvolvemos gradualmente a autonomia, a liberdade de escolher nossos pensamentos, emoções e crenças além do reino de nosso condicionamento, que é a essência do autodomínio.

Para experimentar essa qualidade, coloque suas mãos em Kaleshvara mudra e faça 6 respirações, permitindo que essa qualidade de ilimitado floresça de dentro e permeie todo o seu ser enquanto canta Om Vashitvam Devaya Namaha.

15. Amor incondicional – Prema

No nível da personalidade condicionada, o amor geralmente depende do ambiente e da reciprocidade. Quando recebemos carinho e nutrição, é fácil responder de maneira amorosa. Quando esse cuidado não está presente, tendemos a reagir, e a fonte do amor pode rapidamente se transformar em fonte de mágoa e dor. À medida que nos alinhamos com nosso Ser interior, nós o reconhecemos como nossa própria natureza na forma de cuidado e positividade. O amor é a própria essência da criação quando liberamos todo o condicionamento que nos mantém em busca de satisfação e felicidade em nosso entorno. Em um nível prático, essa experiência mais ampla de amor permeia nossos relacionamentos para que possamos ver que todos desejam o amor e a felicidade, que são reflexo de seu verdadeiro Ser, quem eles são na realidade. No final, o amor é simplesmente uma volta para casa. Por meio desse reconhecimento, podemos evitar a carência e a codependência que nos impedem de amar incondicionalmente.

Para experimentar essa qualidade, coloque suas mãos em Padma mudra e faça 6 respirações, permitindo que essa qualidade de amor incondicional floresça de dentro e permeie todo o seu ser enquanto canta Om Prema Devaya Namaha.

16. Liberdade espiritual – Moksha

Através do cultivo e desenvolvimento de todas as outras qualidades, naturalmente experimentamos a liberdade como nossa própria natureza; uma sensação de que não estamos mais presos nem ao nosso próprio condicionamento nem às situações ao nosso redor. Também estamos livres do medo da morte, pois reconhecemos que nosso ser interior, como um com o todo, sempre foi e sempre será. Em total liberdade e imortalidade, também nos reconhecemos como um com a inteligência no coração de todas as coisas, Ishvara, a Fonte de Energia. Os desafios podem continuar a surgir, mas lidamos com eles de forma objetiva, sem a necessidade de levar nada para o lado pessoal. Dentro dessa experiência vivida de liberdade, que reconhecemos como nosso propósito e significado de vida, nossa energia se liberta de padrões de resistência e ansiedade, permitindo-nos apoiar todos os seres na jornada do despertar.

Para experimentar essa qualidade, coloque suas mãos em Jnana mudra e faça 6 respirações, permitindo que essa qualidade de liberdade espiritual floresça de dentro e permeie todo o seu ser enquanto você canta Om Moksha Devaya Namaha.

Por Joseph Le Page

Foto: Laion Cantarelli